segunda-feira, 26 de março de 2018

NUNO AMADO, O VERDADEIRO JARDIM


(Henrique Monteiro, http://henricartoon.blogs.sapo.pt)

Tempos houve em que a história e as badaladas realizações do BCP de Jardim Gonçalves conseguiram ser guindadas a case study de referência em relevantes escolas de negócios europeias. Entretanto, viria a saber-se que as ditas tinham água no bico e escondiam uma grande diversidade de aspetos não completamente dignificantes e várias situações muito pouco gratificantes (para ser meigo e não ceder a polémicas desnecessárias) – em termos pessoais, em termos de apropriação por grupos organizados, em termos de opções não criteriosas de gestão, em termos de adoção de formas e meios de duvidosa licitude. Depois, houve também uma fase lamentável de ridículas e ruidosas lutas intestinas pelo poder com um epílogo absolutamente imprevisível que alguns caraterizaram como uma tentativa de take-over do Millennium pelo Governo português de então. Várias iterações ocorridas, esta fase acabaria por se saldar por uma dominação considerada pouco auspiciosa da maioria do banco por capitais angolanos e chineses. E eis senão quando – a história tem destas coincidências felizes! – surge uma verdadeira gestão independente, algo de que Jardim tanto procurara apresentar-se como um arauto nos seus dias gloriosos, e os resultados começam a aparecer sob a batuta de Nuno Amado (NA) e da sua coesa equipa de competentes gestores. Agora que NA transita para a função de chairman do banco e cede a liderança executiva quotidiana a Miguel Maya – uma evolução que é merecedora do devido reconhecimento e de uma nota de aplauso –, agora sim, estaremos provavelmente no momento certo para sugerir àquelas escolas de negócios que voltem a colocar o BCP no centro dos seus focos de análise e por inúmeras ordens de razões – capacidade estratégica e de gestão, trabalho rigoroso e incessante, relacionamento eficaz entre a gestão e um corpo acionista de estabilidade incomprovada, negociação persistente num contexto europeu inigualavelmente difícil, um turnaround com fortes indícios de sucesso, evolução na orientação estratégica e redistribuição de responsabilidades com nova partilha do poder interno. Um exemplo a registar!

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