terça-feira, 23 de fevereiro de 2021

A CAMINHO DO CCB

 

(Já tinha idade para mais juízo, mas não resisti ao convite do Ministério do Ambiente e da Ação Climática para comentar na Conferência CLIMATE CHANGE – NEW ECONOMIC MODELS a conferência inaugural de Mariana Mazzucato na manhã da próxima sexta-feira. Será assim também a minha primeira atividade presencial desde já há bastante tempo e uma oportunidade de rever os netos de Lisboa, com a máxima da segurança possível.)

A intervenção anunciada da Professora Mariana Mazzucato, agora radicada na University College of London, aparece sob o título “European Recovery: directing inclusive and sustainable growth” e tudo indica que aplicará a sua abordagem da Mission Economy à radical intervenção sobre a emergência climática que o mundo necessita. Um bom guia para essa abordagem é a sua última conferência na London School of Economics centrada na obra que está em vias de publicação, prevista para março na Amazon UK (Mission Economy – a moonshot guide to changing capitalism) (link aqui - https://www.facebook.com/lseps/live). Uma outra boa inspiração é o artigo de Mazzucato na incontornável revista Industrial and Corporate Change de 2018, “Mission-oriented innovation policies: challenges and opportunities” entre muitos outros escritos da prolixa Mariana, alguns dos quais elaborados para a Comissão Europeia (com destaque para o Governing Missions in the European Union de 2019).

A ideia de “Mission-Oriented Innovation Policy” tem um grande alcance de desvalorização do papel do Estado e das políticas públicas nos tempos que precederam a pandemia. Vou por isso dedicar os meus próximos posts até sexta-feira próxima a essa abordagem e justifica-se sobretudo se nos focarmos nos desafios gigantescos societais que os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável representam e em particular na Agenda para o Combate à Emergência Climática, enquadrada pelo Green Deal da União Europeia.

 

Dia a dia somos confrontados com sinais suficientemente evidentes de que é necessário mudar de vida, mas entre negacionistas, lobbies poderosos dos combustíveis fósseis, exemplos despudorados de FREE RIDING com inúmeros países a fugir às suas responsabilidades e acordos como o de Paris que não têm coordenação e são voluntários (como o Nobel William D. Nordhaus bem o assinala) a situação tende a evoluir para pior. A imagem imponente de um cargueiro russo, o Christophe Margerie, navegando na rota marítima do Mar do Norte com uma carga de gás natural liquefeito, em pleno inverno por entre os mares das costas da Sibéria vale por mil palavras e muitos números quanto ao ritmo da mudança climática,

 


Com muito pouco tempo para o comentário, veja-se acima o índice dos meus tópicos, vou concentrar-me nos seguintes pontos:

  • Mostrar que o recuo do crescimento ou o crescimento zero não são solução e que pandemia, deterioração das condições de saúde e emergência climática são o momento certo para a reinvenção dos modelos de crescimento e de negócio;
  • Situar o alcance das “Mission-oriented innovation policies” nesse desígnio, proporcionando um novo campo de intervenção coordenada de investimento público e privado, alargando o modelo de missão “homem na lua” aos tempos de hoje;
  • Avaliar o que pode representar a abordagem ao Green Deal do ponto de vista das prioridades da Estratégia Nacional de Especialização Inteligente;
  • Discutir como é que podem ser combinadas as abordagens das Missões de Mariana Mazzucato com a abordagem mais tradicional do Nobel William Nordhaus, com matérias como os clubes climáticos de países, o custo social do carbono e os preços do carbono.

Enfim, lenha para me queimar, sem emissões, mas é por uma boa causa.

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