(Cada vez mais, o interesse do Eixo do Mal está para além das intervenções dos seus comentadores residentes. É mais no confronto das posições à medida que se sucedem os temas de debate que tenho razões para o considerar um bom programa de escrutínio do que se vai discutindo em Portugal, sobretudo a partir da sua mediatização.)
Confesso que o meu envolvimento com o Eixo do Mal tem vindo a consolidar-se. Até agora o Quadratura do Círculo transformado em Circulatura do Quadrado ocupava as minhas atenções, mas apesar da novidade Ana Catarina Mendes, bem mais interessante do que o senso comum do Jorge Coelho, o programa está a transformar-se em algo de muito previsível, diria talvez injustamente enquistado.
O Eixo do Mal tem aparentemente um outro tom, talvez um comentário mais distendido, descontraído e irreverente até, mas creio sinceramente que o programa está para além desse comentário mais informal. A densidade das intervenções dos comentadores residentes é bastante desigual, mas o resultado global do cruzamento entre elas é bem mais interessante do que a consistência de cada uma. Claro que essa dinâmica depende dos temas do programa em si, mas tenho vindo a confirmar que existe uma evolução nessa perspetiva e aí está em meu entender o interesse do programa.
O programa de ontem foi bastante explícito dessa tendência.
De um lado, Clara Ferreira Alves e Luís Pedro Nunes, mais próximos das agendas mediáticas, o último mergulhado permanentemente no fogo avassalador das redes sociais, do outro Daniel Oliveira e Pedro Marques Lopes, contrariando a onda dessas agendas. Custa-me colocar CFA no grupo de LPN, tamanha é a qualidade de alguns dos seus escritos, mas o programa de ontem forneceu-me evidência bastante para o fazer.
O tema essencial de ontem, já que o tratamento do definhamento do CDS foi demasiado ligeiro, incidiu no processo de vacinação em Portugal. As duas posições emergiram cristalinas. CFA e LPN alinharam com a agenda mediática segundo a qual o processo de vacinação em Portugal vai pelas ruas da amargura. Pelo contrário, DO e PML cumpriram com rigor a função do comentador esclarecido, reuniram-se de informação objetiva, credível, comparativa e, sem ignorar e denunciar fraudes, trapaceiros e imperfeições do processo logístico, marcaram uma posição decente, convergindo, apesar do seu distanciamento político. LPN e CFA optaram pela grandiloquência sonante, definitiva, vazia de rigor e até já fizeram o funeral político a António Costa. Limitaram-se a cavalgar a onda mediática. Não acrescentaram nada ao espaço do debate político. Lamentavelmente, ganhando dinheiro por isso.
Que estranhas agendas mediáticas estas que ficam indiferentes e deixam passar o populismo asqueroso da bastonária dos Enfermeiros Ana Rita Cavaco que não se limitou a cavalgar a onda mediática, inventou ela própria uma variante fabricando uma fraude atribuída a um político (o antigo Presidente da Câmara de Tavira e hoje secretário de Estado Jorge Botelho) e à sua mulher a partir de uma falsidade.
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