terça-feira, 16 de fevereiro de 2021

LUÍS SALGADO DE MATOS


Acabo de ser informado da morte do Luís Salgado de Matos (LSM). Para mim, ele começou por ser o distante autor de “Investimentos Estrangeiros em Portugal”, uma obra de referência ao tempo em que a publicou (1973) e um texto que rapidamente se tornou essencial para o ensino da Economia Portuguesa. Mais tarde, vim a conhecer o Luís Filipe pessoalmente através da nossa comum amiga Paula Santos e com ele tive algumas boas trocas de impressões na minha passagem mais permanente por Lisboa. Era jurista não praticante, teve atividades cívicas múltiplas (do movimento estudantil a “O Tempo e o Modo”, da “Seara Nova” ao MES), foi membro do Governo de Transição de Moçambique, fez jornalismo e escreveu bastante e algo avulsamente, foi administrador do Porto de Lisboa, andou pela gestão cultural (presidente do IPCA e do Teatro São Carlos), foi consultor de Jorge Sampaio e do ministro da Defesa Nacional e era doutorado em Sociologia Política e investigador de matérias institucionais (Estado, Forças Armadas e Igreja) no ICS. De uma vida cheia, não sei se totalmente feliz e sempre combinando algum classismo com muita discrição, o LSM deixou lastro em termos de pensamento e saber estar – ele era, afinal, mais um daqueles que não deviam partir antes da hora porque fazem por cá falta.

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