quarta-feira, 10 de fevereiro de 2021

CHECOS E ESPANHÓIS

Registava há dias o “El País” o facto da ultrapassagem feita pela República Checa à sua Espanha em termos do indicador mais habitualmente utilizado para comparação de níveis de desenvolvimento entre países ou regiões. Sendo esta uma matéria em que a Espanha vai cumprindo de modo diferido uma trajetória que começa por ser a nossa, no caso uma tendência para graduais evoluções desfavoráveis, com as correspondentes perdas de posição no ranking europeu, em relação ao conjunto das economias da Europa Central e Oriental, vulgo Europa de Leste (embora as diferenças de partida entre estes expliquem o ainda significativo atraso de alguns deles, como a Bulgária, a Croácia e a Roménia). No tocante a Portugal, a dita República Checa (tal como a Eslovénia) já nos tinha deixado para trás antes da grande crise financeira mas, e só desde a ocorrência desta, já vimos a Estónia e Lituânia passarem para nossa frente, ao mesmo tempo que já temos bem à perna a Hungria e a Polónia. Nada que nos possa verdadeiramente surpreender, vistas as heranças político-sociais desses países e considerados os seus aproveitamentos dos benefícios de processos de alargamento justos mas realizados de modo excessivamente célere (e que também tiveram impactos perversos porque objetivamente fomentadores de populismos antieuropeus) e da sua maior centralidade no contexto europeu (é cada vez mais clara a diferença entre ser-se uma periferia alemã ou uma mais afastada, cultural e geograficamente, periferia meridional...). O que fica por explicitar nesta forma de apresentar as coisas como uma “corrida” cheia de inevitabilidades e razões desculpabilizantes são as responsabilidades próprias dos que vão ficando para trás, as quais são muitas e variadas além de amplamente repartidas por todos quantos.

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