(Acho a trompa um instrumento musical fabuloso, ao qual se presta regularmente pouca atenção nas orquestras e a solo contam-se pelos dedos as performances mais conhecidas. A combinação da música de Mozart para trompa com o ritmo do mambo é inesperada, mas pela mão, ou melhor pelo sopro e pelo som, de Sarah Willis parece uma combinação natural.)
Hoje, ainda em Seixas aguardando o termo da proibição das deslocações inter-concelhias, apetece-me partilhar convosco um daqueles momentos musicais que vão contra a corrente, que vou descobrindo neste estatuto de cidadão com muito pobre formação musical (sina de uma geração em que a formação musical não era tão valorada como já foi a dos meus filhos e mais ainda dos meus netos).
Os concertos para trompa de Mozart são o caminho ideal para se devolver aquele instrumento a importância que ele deveria ter nas nossas discografias de audição regular, tamanha é a pompa e circunstância que resulta daquele som e Sarah Wiilis é do melhor que conheço.
O disco Mozart Mambo que alterna algumas peças vibrantes dos concertos mozartianos para trompa e orquestra com peças do mambo cubano é uma excelente companhia para nos alegrar o espírito nestes tempos. Temos aqui, ao nível de uma intérprete da música erudita, algo de similar ao Buena Vista Social Clube descoberto pelo sublime guitarrista Ry Cooder do Paris Texas. Assim, Sarah Willis traz para a ribalta a Orquestra do Liceu de Havana dirigida por José Antonio Méndez Padrón, o agrupamento Sarahbanda com saxofone, bongós (percussão), tímbales, congas, baixo e piano e o agrupamento Trompas de Havana. A combinação é uma delícia de se ouvir.
E assim se faz um resto de domingo esperando por mais um cadafalso na trajetória de declínio do SLB na Liga.
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