Procuro, como é natural, ir acompanhando de perto as incidências factuais e analíticas associadas à evolução da pandemia, para além daquilo que vou aprendendo sobre matérias pelas quais nunca me tinha verdadeiramente interessado e em que ser leigo é a minha circunstância. Mas por razões muito variadas, primeiro porque elas eram fechadas ao público e à comunicação social e depois porque o dia e a hora não o permitiram, nunca tinha assistido na íntegra à parte aberta de uma das chamadas e famosas “reuniões do INFARMED”. Aconteceu hoje. Enquanto mero cidadão comum e política à parte, só consigo descrever a sensação com que fiquei como a de um manifesto e difuso desconforto. Algo assim como uma sequência daquela charge do “eles falam, falam...”. Não, obviamente, que não estejamos perante cientistas e gente conhecedora a comunicar bem o que pode e sabe, mas sim por isso mesmo, porque resulta que se fique mais consciente de que talvez a decisão política (o que quer que isso seja!) possa não estar a ser devidamente orientada, preparada e tomada. A intervenção do Prof. Manuel Carmo Gomes – pessoa que não conheço e não sei posicionar em nenhum plano que não o do currículo que ostenta – também não ajudou a minorar o dito desconforto, seja pelo seu conteúdo cru e objetivo seja pelo seu criticismo (semiexplícito ou suficientemente implícito) que culminou mais tarde numa comunicação pela ministra do seu abandono deste grupo de aconselhamento (por razões pessoais, disse-se, e sugerindo-se que se manteria cumplicemente na comissão de vacinação). Claro que o difícil nestas coisas é mesmo a síntese final, o momento em que alguém quem tem de decidir com base em pareceres dominados pelo conhecimento mas também por diferenciações disciplinares e pessoais de conhecimento, além de outras considerações de ordem política, económica ou social. Mas lá que fiquei mais próximo de um amigo que há dias referia que terá sido um erro não se ter nomeado um “ministro da pandemia”, lá isso admito-o sem rebuço. Apesar de tudo, sigamos em frente porque isto está a querer melhorar (embora com falta de vacinas e planos de vacinação não totalmente convincentes) e porque, ao que parece, agora até vamos entrar em testagem maciça e em esforços de monitorização que potenciem menores desfasamentos através da definição de metas pré-estudadas e amplamente anunciadas.
terça-feira, 9 de fevereiro de 2021
A GRADUALIDADE COMO DERIVA
(Andrés Rábago García, “El Roto”, http://elpais.com)
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