A política alemã está a mexer de modo vibrante. O meu registo de hoje pretende sublinhar o momento histórico em que uma sondagem credível dá vitória aos Verdes nas eleições parlamentares marcadas para setembro. Mesmo sabendo que a poll of polls ainda favorece a coligação democrata-cristã (CDU/CSU), a evidência de uma aproximação dos Verdes a uma possível vitória não deixa de ser um marco que bem justifica uma chamada de atenção. O facto acontece numa semana em que dois episódios relevantes ocorreram em cada uma daquelas formações políticas favoritas: (i) à direita, o líder do partido mais pequeno (o bávaro Markus Söder) ensaiou a hipótese de vir a ser ele o candidato a chanceler (por afastamento de Armin Laschet, o há pouco tempo eleito pela CDU para substituir Merkel) mas não obteve o devido provimento (apesar de ser bem mais carismático ou bem menos bonacheirão, no fundo politicamente mais promissor para fins estritamente eleitorais); (ii) no quadrante ecologista, a liderança bicéfala que vinha prevalecendo entre Annalena Baerbock e Robert Habeck deu agora lugar a uma clarificação pelo partido constitutiva da jovem de 40 anos como candidata à chancelaria. Dito isto, que já não é nada pouco, convém ter em conta que falta ainda muito tempo para a grande decisão e que imensa água vai certamente ainda correr debaixo das pontes, além de que importará recordar que a governação alemã é invariavelmente feita de coligações, o que remete a grande questão a emergir para os termos seguintes: será um governo Verdes-CDU preferível a um governo CDU-Verdes, sobretudo quando a tradição indica que é o partido mais pequeno da coligação que recebe a pasta das Finanças (não esqueçamos que vem aí em força, lá mais para o Outono, a discussão, absolutamente decisiva para Portugal, em torno da revisão ou não dos critérios de convergência e dos moldes e amplitudes em que ela poderá fazer-se)?
(cartoons de Klaus Stuttman, http://www.tagesspiegel.de)
As sondagens actuais apontam para uma victoria rez-vês dos Verdes, que têm o vento em popa. Se isso acontecer é possível que em vez da coligação Verde-Negro (Verdes - CSU/CDU) façam uma coligação Verde-Vermelho-Vermelho (Verdes-SPD-die Linke). Mesmo se CDU/CSU ganhar os Verdes podem fazer estalar as discussões de coligação e a CSU/CDU fica sem possibilidades de fazer uma coligação. Isso levaria possivelmente a uma coligação Verde-Vermelho-Vermelho.
ResponderEliminarSobre Söder vs. Laschet: O Söder é da Baviera e há muito celeuma no resto da Alemanha em relação à Baviera. O Laschet não só é menos carismático, como potencialmente tóxico ao nível Europeu: Lembrar que acusou os "Romenos e Bulgaros" de um brote de CoVid na sua Bundesland. A Annalena Baerbock não tem essa toxicidade e para além disso é uma jogadora que saberá lidar com quem quer que seja presidente em França. A nível global terá apoio, por de trás de cena de outr@s lideres, que compensará a falta de experiência.
Feliz Primeiro de Maio!