Era inevitável que o equilíbrio instável que de há muito se vinha vivendo no futebol, sobretudo europeu, teria de ser questionado. Aconteceu ontem com a ameaça de uma “Superliga” por parte de 12 grandes clubes (ingleses, espanhóis e italianos – porque será que não constam alemães e franceses?), rapidamente tornados malditos aos olhos dos adeptos e das opiniões públicas em geral. Estou pessoalmente convencido de que a iniciativa pretende, mais do que tudo, um ganho de espaço e um fortalecimento de posição negocial perante uma UEFA que também não prima pela transparência, pela qualidade organizativa e pela falta de ganância (lembram-se do golo não validado a Ronaldo, há dias na Sérvia, por ausência de mínimos de check na linha de baliza?). Poderemos assim – a correr bem! – vir a estar em face de uma oportunidade para se conseguir reestruturar o funcionamento do futebol à escala global, juntando-lhe uma supervisão tendencialmente eficiente, impondo mecanismos de alocação e distribuição financeira mais justos e não permitindo a destruição completa da devida consideração do mérito desportivo. Tudo o mais são tretas de múltipla ordem, incluindo até aquela risível vontade do nosso “Record” em ver o seu Benfica a querer aproveitar-se da situação para voltar a palcos onde manifestamente não cabe pelos resultados que, já descontado o Covid, vem obtendo nos relvados.
(Henrique Monteiro, http://henricartoon.blogs.sapo.pt)
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