quinta-feira, 29 de abril de 2021

UMA PRECIOSIDADE


(Dos soledades também é título de canção, na voz da insinuante Julieta Venegas, link aqui, mas não é de uma canção feita preciosidade que vos falo. É antes de uma projeção contemporânea dos anos 60, um diálogo entre duas referências da literatura com que todos, algum dia, amantes de livros, nos deliciámos. Gabriel García Márquez e Mario Vargas Llosa transportados da América Latina dos anos 60 para os nossos dias – “Dos Soledades – Un diálogo sobre la novela en América Latina”.)

A voz quente de Julieta Venegas podia ser uma boa introdução ao que para mim é o início do fim de semana, porque não trabalho à sexta:

“Querer a veces duele, aunque él te quiere a ti

Un día nublado, cuando no está aquí

Y tal vez

Su ausencia marque el día, de nostalgia lo pintó …”

Mas não é esse o ponto.

Eu sei que abusar do recurso à Amazon não é coisa que um amante das livrarias deveria incorrer com frequência. Mas a partir do momento em que os portes de envio da Amazon UK começam a tornar-se proibitivos, afinal o Brexit também nos haveria de chegar, o recurso à Amazon Espanha é tentador. A distribuição é rapidíssima e os portes são incomensuravelmente aos britânicos.

Por isso não resisti à novidade que a Alfaguara (grupo Penguin Random House) colocou cá fora. Um diálogo entre Gabriel García Márquez e Mario Vargas Llosa, datado de 1967, produto de uma reunião pública na cidade de Lima, em que os dois grandes escritores, a propósito de literatura latino-americana, falam das suas visões do mundo, antecipando o que muitos hoje designam de “realismo mágico”.

Textos escritos de gente que terá assistido a esse mágico diálogo e o essencial de uma entrevista a Vargas Llosa em Madrid 2017 sobre a obra de García Márquez completam a edição que se lê de foguetão, dado o estilo coloquial não só do próprio diálogo como dos restantes contributos.

É a minha sugestão de leitura para o fim de semana, para mim alargado, mas com outras leituras e escritos para fazer pois isto, como dizia inteligentemente o outro, o raio do trabalho nunca acaba, quando se tem a desgraça de se gostar do que se faz.

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