quarta-feira, 21 de abril de 2021

TÃO INDECENTES QUANTO INCOMPETENTES!

Em menos de dois dias o grande projeto dos super-ricos, ao que se entende encabeçados por Florentino Pérez e Andrea Agnelli, caiu com um vexatório estrondo. As reações imediatas e firmes da FIFA e da UEFA terão tido o seu papel no recuo dos responsáveis de vários dos clubes que tinham aderido a uma participação fundadora na “Superliga Europeia”, mas cabe seguramente à indignação dos fãs ingleses (com Liverpool, Chelsea e Manchester United à cabeça e bem acompanhados pelo criticismo de vários protagonistas do jogo, como Gary Neville e Pepe Guardiola ou Jurgen Klopp, e pelo espantoso faro político de Boris Johnson) o quinhão maior de responsabilidade pelo arrepoendimento tão subitamente acontecido – os ingleses fizeram assim jus ao seu papel de criadores do futebol, por um lado, e tornaram evidente a força diferenciadora da sua sociedade civil, por outro. No final deste processo, além de ter resultado claro que Florentino já não tem condições mínimas para ser líder de um Real Madrid que queira ser parte ativa de um renascimento do futebol e do seu “modelo de negócio”, o saldo mais positivo poderá ter sido o de generalizar a consciencialização das opiniões públicas para o facto de que a arrogância dos “gigantes” esconde os seus pés de barro, enquanto o ensinamento maior talvez pudesse ter sido o de despertar os responsáveis da FIFA e da UEFA para a importância de assumirem a liderança da incentivação e promoção de mudanças profundas na estruturação do desporto-rei, assim evitando os impactos sempre nefastos de novas arremetidas que irão necessariamente surgir por parte dos pretensos “donos disto tudo” – o que já provaram que não farão sem manterem a falta de transparência que irremediavelmente os define e a atitude de fortes para com os fracos e fracos para com os fortes que gerou o atual estado de coisas. Termino sublinhando que, à hora a que escrevo este post, já só restam três supostos fundadores do abortado projeto: precisamente o Real e a Juventus, a par de um irreconhecível Barcelona...


(Ricardo Martínez, http://www.elmundo.es)


(Emilio Giannelli, http://www.corriere.it)



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