quarta-feira, 7 de abril de 2021

JORGE COELHO


Interrompo um breve período de descanso bloguista (e não só) para aqui assinalar a triste notícia da morte de Jorge Coelho, talvez o político mais carismático (para o bem e para o mal, como sempre acontece no caso) da nossa democracia. Conheci-o bem nos idos de meados dos anos 90 quando surgia como o braço-direito (e o homem para todo o serviço) de um António Guterres que se preparava para fazer o PS voltar ao poder. Foi durante alguns anos a “alma” do seu partido, o “controleiro” principal de uma máquina que dominava com pulso forte mas simpatia inexcedível (é desse tempo que vem aquela sua máxima que ficou famosa do “quem se mete com o PS leva!”). Deixou algumas marcas importantes na política portuguesa, a maior das quais terá talvez sido a da assunção da “culpa objetiva” (enquanto ministro) no desastre da ponte de Entre-os-Rios. A dado momento da vida, trocou a atividade pública por funções empresariais (o que muitos lhe não perdoaram) e nunca mais voltou ao ativo em termos políticos executivos. Andou uns anos pela “Quadratura do Círculo”, onde nunca deixou de ser quem era em todas as dimensões. Tinha agora uma atividade profissional por conta própria, ligada aliás às suas origens beirãs. Jorge Coelho era um cidadão português de parte inteira, daqueles em que os defeitos fazem parte e até ajudam a corporizar uma imagem positivamente marcante feita de sinceridade e energia.

Sem comentários:

Enviar um comentário