sábado, 17 de abril de 2021

PELAS MENINAS DE CABUL

A decisão de Joe Biden de retirada das tropas americanas do Afeganistão, sendo provavelmente sensata do ponto de vista militar e orçamental, traduz uma confissão dececionante de impotência perante a mais longa das guerras americanas de sempre (que traz multiplicativamente à colação o traumático fracasso do Vietname dos anos 70 do século passado), uma objetiva derrota das forças democráticas perante forças medievais que operam em nome de alegadas razões de independência nacional e crença religiosa e, na decorrência, uma comprovação adicional (se preciso fora) das limitações e fraquezas que marcam a ordem internacional ainda prevalecente mas visivelmente decadente e significativamente subordinada a inconfessáveis interesses russos. Sendo também essencial sublinhar que será o povo afegão, e a sua componente do género feminino em especial, quem sofrerá uma vez mais os principais efeitos nefastos – para não dizer acrescidamente destruidores, traumáticos, criminosos e mortais – de radicais impenitentes que uma comunidade global sã e decente não deveria tolerar em circunstância alguma.

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