sexta-feira, 9 de abril de 2021

A FRASE

 

(Hoje de manhã, ainda antes do abalo da decisão instrutória do caso Operação Marquês, quando lia o Expresso finalmente numa esplanada, de máscara, claro, deparei com uma frase-parágrafo demolidora e que precisa de ser meditada. A autoria é de Pedro Santos Guerreiro.

A frase parágrafo é a seguinte:

(…) Que coisa é hoje o PSD? É uma casa de alterne ideológico sem reserva de direito de admissão. Pergunto: isto serve para quê? (…)”

Estamos em matéria de abalos e a degenerescência da prática política do PSD é também um abalo telúrico. E não vem de agora.

Começou com a perceção dos nossos aprendizes de liberais, que o tentam ser no plano económico, ocultando a dimensão e as implicações mais gerais do liberalismo, que o PSD poderia ser tomado de assalto. Daí o choque que a geringonça provocou, não pelo seu significado intrínseco, mas sobretudo pelo que ela representou de inviabilização de uma certa trajetória que Passos Coelho e sobretudo o potencial da Troika tinham aberto para essa direita. Daí também que a presença desse PSD no Parlamento se mantivesse em negação durante largo tempo, arruinando o tempo da oposição à própria geringonça.

Os últimos tempos da gestão Rui Rio, sobretudo a partir do momento em que o acordo político dos Açores foi assinado, prolongam noutra dimensão essa deriva e parece valer tudo para assegurar que as autárquicas não passem a ferro a sua liderança.

Pensará Rio que vale a pena engolir alguns sapos para sobreviver e depois acertar contas?

O drama é que a sensação que fica é que Rio já não pensa, deixa-se ir com a onda, hipotecando características importantes da sua maneira de estar como a aparente honestidade e obstinação em fazer valer convicções. Mais do que recomposição, a deriva do PSD pode estar a gerar a decomposição da direita e isso meus Caros nunca será bom para uma Democracia vivenciável por gente de boa vontade e honesta.

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