Aviso: este post é um mero desabafo! Pois não é que – exatamente quando vai deixando de escassear o número de vacinas necessárias ao objetivo da imunização de grupo, o processo de vacinação avança de modo generalizadamente reconhecido como muito positivo e a União Europeia parece ter garantido uma continuidade temporal de médio prazo na disponibilização de vacinas –, os nossos noticiários televisivos enchem os seus espaços com reportagens em torno de algo que poderá ter “corrido mal” (ou vir a correr) num centro de vacinação qualquer de um determinado concelho do país (seja ele Cantanhede, Odivelas, Famalicão, Alcoutim ou outro qualquer), ora porque há pessoas que estão a aguardar há mais de uma hora, ora porque não há cadeiras suficientes para os utentes em espera, ora porque uma idosa não tem transporte de regresso, ora porque simplesmente está a chover e o espaço interior não comporta lugar para todos ao mesmo tempo, ora porque alguém se lembrou de chamar as televisões por razões ligadas à sua própria vaidade ou ao seu próprio mal-estar pessoal em relação ao enquadramento político-social da sua amarga vida? Tenho assistido por estes dias a “tempos de antena” profundamente lamentáveis – e não, não é só nem principalmente na CMTV! –, a meu ver muito demonstrativos de uma atitude nacionalmente dominante que situo entre um desesperante défice de civismo (exigência de direitos versus consciência de deveres) e um novo-riquismo parolo e chocante (aqui estamos para receber a nossa parte, alguém há de pagar; a Europa a que pertencemos sem sabermos bem como não nos faltará com o dinheiro e as doses, o resto é responsabilidade “deles”, leia-se do Estado). Tudo isto é tanto mais intolerável quanto ainda estamos em plena pandemia mas já se vislumbram alguns palpáveis sinais de esperança – apelo, por isso, à RTP, à SIC e à TVI para que parem em definitivo com a sua vergonhosa (e perigosa) alimentação desta chaga menorizante da nossa condição de cidadãos.
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