segunda-feira, 5 de julho de 2021

A GOMES

 

(Não é vulgar uma papelaria, por mais multifuncional que seja, ter um catálogo, artesanal é certo, mas que é uma delícia de ver. Mas é verdade, ela existe, não numa aglomeração metropolitana, mas numa vila que está cada vez mais bonita e prazenteira e que se prepara para mais uma edição da indeterminação das férias. É da tabacaria Gomes que se trata que depois de vencer a saída da praça central, aí está na polivalência que faz as delícias da gente local e dos suspeitos do costume.)

A Gomes é um prodígio de adaptação, diria evolucionista, às mutações que o consumo local apresenta em Caminha ao longo do ano e das suas estações. Aí tanto encontra refúgio a população envelhecida local, que é tratada com simpatia pelo seu nome próprio, que tem de pagar uma conta ou interpretar um aviso qualquer, como os fumadores inveterados que aí recarregam reservas para o vício, como pessoas como este vosso Amigo maníaco pelos jornais, revistas e até alguns livros.

Mas como o seu catálogo artesanal nos permite visualizar, acolhe também os que gostam de artesanato de muito boa qualidade (Bordalo e não só, como produtos coasy de joias, cestaria, chapéus (o da Margaridinha fica-lhe que nem modelo), chocolates, compotas e sabonetes artesanais e a variedade de vinhos Soalheiro de Melgaço (embora o criativo e competente Alberto da Prova Cega em frente não ache lá muita piada à concorrência). E há a festa dos brinquedos, do melhor que tenho visto, que faz as delícias dos netos e dos miúdos da sua idade.

A sazonalidade do consumo nestes territórios é terrível para a sustentabilidade dos negócios e por isso o período de definhamento de muitos negócios é muito rápido e o envelhecimento da função empresarial costuma ser letal nestas trajetórias que se multiplicam por esse país fora. No caso da Gomes o rejuvenescimento da liderança teve efeitos evidentes e a capacidade de antecipação do que pode ser o mix de procura de uma tabacaria de qualidade é um caso notável de perceção (feminina, claro está) do que deveria ser a trajetória certa.

Não com a variedade multiproduto da Gomes, mas também com um reconhecimento que se estende por todos os sítios de origem de quem demanda Caminha, já tínhamos a incontornável Casa Barreiros do popular Sr. Dino em tudo que são eletrodomésticos e utilities caseiras.

O que vem ao encontro da moral da história. A sazonalidade não é uma fatalidade para o definhamento. Também nesse contexto é possível encontrar a resiliência, basta compreender a procura e a sensibilidade do consumo e isso não significa de modo algum esquecer a população local.

Live Long Life para a Gomes e que me vá adoçando o refúgio.

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