A demissão do ministro britânico da Saúde (Matt Hancock) custou mas foi. Apanhado pelas câmaras de videovigilância a beijar uma adjunta, com quem alegadamente mantinha uma relação extraconjungal com algumas raízes no tempo, o homem ainda tentou resistir mas as pressões mediáticas foram mais fortes. Estivemos nitidamente, e mais uma vez, perante um caso de conservadorismo puritano. Porque, de facto, nada justifica que uma matéria de liberdade individual e do foro inequivocamente privado (independentemente dos juízos éticos e morais que suscite) possa ser causadora de uma demissão ministerial (mesmo quando o ministro é, como se dizia ser, manifestamente incompetente). O assunto foi objeto de debate nos meus círculos próximos, havendo quem por aqui argumentasse com o rompimento público de um reconhecido militante dos tories em relação a valores que estruturalmente integram a visão do mundo correspondente ao seu ideário político e a consonante prática desejável; ainda assim, sem procedência maioritária. O cinismo com que a sociedade britânica enfrenta estas matéria ficou assim novamente a nu, tendo embora sido minimizado em cima do gongue com argumentos ligados ao incumprimento das regras de saúde pública decorrentes da pandemia; não sem que daqui se tenha de retirar, então, a conclusão de que este coronavírus se tornou objetivamente no melhor antídoto contra más tentações de cometimento de adultério.
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