quarta-feira, 7 de julho de 2021

MÁS NOTÍCIAS NA INOVAÇÃO!

Foi recentemente divulgado o “Regional Innovation Scoreboard 2021”, um relatório elaborado pela Universidade de Maastricht sob encomenda da Comissão Europeia (DG Mercado Interno, Indústria, Empreendedorismo e Pequenas e Médias Empresas). Os documentos que precederam este em anos passados — quer os de âmbito regional, quer os de âmbito nacional — têm sido um dos elementos principais de avaliação e comprovação da evolução muito positiva da situação portuguesa em matéria de inovação. Eu próprio, na obra conjunta que o meu colega de blogue aqui amavelmente analisou num post de ontem, a isso me referi como sendo um “salto em frente” resultante de uma conjugação de efeitos provenientes dos sistemas de incentivos financeiros decorrentes da adesão comunitária, do papel crescentemente determinante da rede nacional de instituições de ensino superior (universidades e politécnicos) e de investigação fundamental e aplicada e de uma situação de relativa continuidade de políticas que excecionalmente ocorreu no setor (sublinhando, essencialmente, “a liderante e catalisadora presença de um responsável competente, focado e enérgico como foi José Mariano Gago, professor catedrático do Departamento de Física do Instituto Superior Técnico e investigador no CERN (Genebra), presidente da JNICT, ministro da Ciência e da Tecnologia (1995/2002) e ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (2005/2011)”).

 

Paralelamente, e em outras oportunidades que se me foram deparando, também procurei dar conta das minhas preocupações quanto a negativas consequências possíveis associadas ao curso dos acontecimentos em matéria de gestão de fundos comunitários e da política de ciência que vai sendo concretizada. Na minha cabeça, estes não se pretendiam mais do que de alertas eventualmente úteis para os agentes mais envolvidos no setor (políticos, empresários e investigadores, nomeadamente), nunca me tendo convencido de que já pudesse estar a acontecer a algum ritmo a desconstrução das realizações verificadas até 2019 — e que culminaram com este país da Europa do Sul a apresentar-se, ineditamente, como o único a possuir três regiões “inovadoras fortes” (embora com a junção de um menos), a saber, Lisboa, Norte e Centro (referi-me, a propósito destas duas regiões, à emergência de um ecossistema de inovação no Norte e no Centro e a uma consequente “revolução no sistema de inovação português”), contra a classificação de “inovadoras moderadas” que marcara todos os anos precedentes). Ora, é algo desse tipo que os dados de 2021 evidenciam com clareza, pese embora o facto de ainda subsistir um certo grau de dúvida quanto à fiabilidade comparativa dos números publicados — reproduzo, de seguida, elementos que ajudam a explicitar uma e outra coisa.


A nível nacional, e após o país ter sido pintado a verde em alguns mapas, o documento em causa classifica-o inequivocamente como “inovador moderado”. Mas, pior: Portugal caiu expressivamente no ranking de 2021, passando do posicionamento recorde de 18º em 2020 para o posicionamento mais negativo destes anos em 2021 (24º), por via de uma ultrapassagem por nada menos do que seis países (Itália, Chipre, Eslovénia, Espanha, Chéquia e Lituânia). Estes resultados merecem indiscutivelmente um estudo mais aprofundado, sem prejuízo de serem por si sós bastante alarmantes e sintomáticos quanto ao que poderão significar em termos de perdas de rumo em diversas dimensões.



Termino com uma nota sobre o nível regional: de 2020 para 2021, as três regiões fortemente inovadoras voltam à classificação de moderadamente inovadoras, com a agravante de um menos adicional no caso da Região Centro. As regiões de Lisboa e do Norte passam assim a fazer parte de um grupo que inclui as primeiras regiões polaca, eslovaca, grega, croata e sérvia, deixando de emparceirar com as líderes italiana, checa, espanhola, eslovena e húngara. Os gráficos com que encerro este post permitem observar as suas diferenças em sede de indicadores mais finos (comparados nacionalmente, a laranja, e à escala europeia, a azul) — o Norte com pontos fortes como o design e marcas (seguidas das despesas de investigação financiadas pelo setor empresarial) e com fortes fracos como a cooperação empresarial em sede de inovação, por um lado, e Lisboa com pontos fortes como o emprego técnico-científico e em atividades intensivas em conhecimento e com fortes fracos como as patentes ou as despesas de investigação financiadas pelo setor empresarial, por outro. De sublinhar, ainda, o lado positivo de o Norte surgir como a região nacional com melhor desempenho relativo desde 2014.




Sem comentários:

Enviar um comentário