(Os insondáveis contornos da vida e da morte fizeram com que um dos homens do 25 de Abril não tenha conseguido presenciar a comemoração dos 50 anos da revolução. Outros desapareceram ainda mais cedo. O que me atrai em Otelo é sobretudo a evidência da não perfeição e até das contradições da sua vida e percurso, paredes meias com um certo radicalismo que a institucionalização da democracia devolveu à sua importância. Não sei se a história, como o sugere Marcelo, alterará a visão que temos hoje sobre o seu papel como estratega na revolução de Abril.)
Foi ocasionalmente através do excelente e rigoroso testemunho do jornalista José Pedro Castanheira do Expresso na Antena 1, hoje pela manhã tardia, que tomei contacto com esta interpretação da sua personalidade e do seu legado. Excessivo, radical, incontido em alguns momentos são características que não afastam ou desvalorizam o seu papel nos acontecimentos. Radicalismo que foi barrado no momento certo, sem que com isso os laços de amizade e de camaradagem entre os homens que fizeram o 25 de Abril se tenham quebrado, numa recordação da maneira peculiar com que a revolução foi concretizada em Portugal.
Otelo mostra-nos que não há personalidades marcantes sem contradições ou imperfeições humanas. E isso basta para que não me seja indiferente. As experiências de vida e curriculares não se retocam. Assumem-se.
Sem dúvida uma personalidade marcante, mas sob todos os aspetos.
ResponderEliminarA montante da natural emotividade que a personagem despoleta, não seria despiciendo o bálsamo de alguma objetividade e frieza na reflexão sobre o tema.
Se lhe interessar uma visão desalinhada, convido-o a visitar-me em https://mosaicosemportugues.blogspot.com e se, independentemente de concordar ou não, ao que ler reconhecer algum valor, comentar o que lhe aprouver.