Celebra-se hoje o centenário de um desses homens notáveis que vão passando por aqui e por aqui vão deixando as suas marcas de caráter, genialidade e coragem. O caso óbvio do francês Edgar Morin, sociólogo (da complexidade) e filósofo (de identidade múltipla), senhor de uma vida longa e cheia e autor de uma obra marcante e profunda — de que o “Le Monde” selecionou os seguintes termos qualificativos: “pacifista e resistente, comunista e anti estalinista, tecedor do saber e arquiteto de ‘La Méthode’ [o seu contributo por si considerado mais significativo], Le Seuil, 1977-2004”; acrescentando: “vivre de mort, mourir de vie: Edgar Morin fez deste fragmento de Heráclito uma das máximas da sua vida”. Que aos 100 anos ainda produz, no caso um pequeno livro (“Leçons d’un siècle de vie”) onde nomeadamente escreve, ao jeito de balanço pessoal e assumindo glórias e erros, que: (i) “as aventuras da minha vida, as minhas paixões amorosas e intelectuais, juntamente com as minhas negligências, privaram-me dessa coisa soberba que é uma família unida”; (ii) “considero que honrei mais a identidade judia com a minha obra universalista do aqueles que injuriam ou caluniam em nome de uma identidade fechada e exclusiva”; (iii) “perdi a fé na Europa”, mantendo embora a fé nos caminhos de esperança comandados por “um humanismo regenerado”; (iv) no nosso “oceano de incertezas, aprendi a esperar o inesperado”. Deixo-vos com uma síntese esclarecedora de respostas rápidas e preferências reveladas.
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