Volto a um tema que já aqui abordei há escassos meses (“As meninas de Cabul”): porque se consumou, há cerca de duas semanas, a trágica retirada dos Estados Unidos do Afeganistão (iniciada em maio, após uma presença de vinte anos), naquela que acabou por ser, portanto, a segunda grande derrota militar de sempre da potência dominante desta (des)ordem mundial saída da Segunda Grande Guerra que supostamente nos devia estruturar mas que se apresenta, em inusitado crescendo, num descontrolado agravamento de tensões e riscos.
E as evidências são já manifestamente assustadoras quanto ao avanço do fundamentalismo talibã e à concretização do desastre tão obviamente anunciado de modo generalizado desde que Biden comunicou a saída (deixando, de algum modo, o governo local entregue a si próprio e/ou a proteções meramente espúrias). Abundam as expressões cartográficas do facto (vejam-se imediatamente acima algumas muito recentes e claras), ao mesmo tempo que os ilustradores vão explorando com o seu habitual realismo criativo a terrível situação em presença — um quadro muito negro, pois, em que os direitos humanos serão talvez a preocupação primeira (sobretudo no tocante à situação com que se irão deparar as mulheres e as crianças), mas em que contarão também certamente entre os desenlaces inevitáveis uma grande conflitualidade e desestabilização regional e um perigoso reacender do terrorismo.
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