domingo, 4 de julho de 2021

OS DISTRITOS, FINALMENTE...

Pela voz do secretário-geral adjunto e coordenador autárquico, José Luís Carneiro, o Partido Socialista deu a conhecer a existência de um relatório (coordenado pelo Instituto Universitário de Lisboa) sobre as suas “marcas” no Poder Local. De momento ainda só consegui aceder a um extrato das conclusões, pelo que deixo uma apreciação mais detalhada para outras núpcias em que possa comentar o todo e não apenas partes. Ainda assim, e mesmo que mais nada de relevante constasse — e necessariamente constará, mesmo que nem sempre tal suceda em termos que me mereçam total concordância ou sejam suficientemente coerentes —, o trabalho tem desde já um mérito que importa sublinhar: o de vir propor a “erradicação definitiva da anacrónica figura do distrito”. Explicando que “a existência de serviços desconcentrados organizados na base do distrito, dificulta a coordenação territorial das políticas”, assim como que “a perpetuação da configuração distrital dos círculos eleitorais, dificulta a articulação entre as estruturas partidárias e o quadro de parcerias intermunicipais, no âmbito das CIM (Comunidades Intermunicipais)”, os autores do estudo salientam corretamente a relevância essencial de “uma coordenação territorial das políticas de desenvolvimento à escala supramunicipal”. Não obstante, a sugestão de que a eliminação dos distritos dê lugar a uma coincidência dos círculos eleitorais com as comunidades intermunicipais, "nem que tal signifique redefinir as NUT (unidades que dividem o país administrativamente)”, poderia talvez ser objeto de alguma reflexão adicional dado o facto de a lógica que preside a algumas CIM ter sido a de uma submissão "relvista” à vontade do freguês que fez com que algumas monstruosidades tivessem sido adotadas — vejam-se, por exemplo, a Área Metropolitana do Porto (que cresceu a norte, a leste e a sul desde o seu nascimento, criando em alguns casos incongruências desenvolvimentistas evidentes nas Terras de Santa Maria ou na amputação de outras zonas) ou o Tâmega e Sousa na sua relação com CIM vizinhas; um assunto que também inclui as questões da urgente reorganização da Administração Pública, dos círculos eleitorais e da estruturação interna dos partidos, entre outras, a que procurarei voltar mais cuidadosamente.

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