domingo, 26 de junho de 2022

WEST SIDE STORY EM DOSE DUPLA

É sempre ocasião para festejo quando os interditos acumulados em tempos de pandemia podem ser contornados e dar lugar ao regresso de bons momentos de convívio e fruição cultural. Foi o meu caso neste fim de semana com a dose dupla que um grupo de amigos se propuseram visualizar, com breve interrupção gastronómica, o icónico filme “West Side Story” (1961), realizado por Robert Wise e Jerome Robbins e a sua renovada réplica do ano passado, assinada por Steven Spielberg. Como é sabido, o filme inspira-se no famoso “Romeu e Julieta” de Shakespeare, passando a ação para meados dos anos 50 no “Upper West Side” de Manhattan (Nova Iorque) onde rivalidades ferozes de dois gangs de diferentes etnias (os porto-riquenhos Sharks e os brancos Jets) são agitadas por uma paixão intensa que se desenvolve entre a irmã Maria do líder de um dos grupos (Bernardo) e o melhor amigo Tony do líder do outro. O argumento de Arthur Laurents tinha sido inicialmente adaptado a uma produção da Broadway (1957), contando ainda com a notável criação musical que Leonard Bernstein lhe adiciona. O filme mais antigo, que tinha por atriz principal a mítica Natalie Wood, foi especialmente premiado pela Academia (dez Óscares, incluindo melhor filme e melhor realizador, e mais uma nomeação), enquanto o atual foi muito bem acolhido pela crítica mas apenas logrou, de entre as sete nomeações obtidas, um Óscar para a excelente atriz secundária Ariana DeBose (no papel de Anita, namorada de Bernardo, que também concedera um idêntico Óscar a Rita Moreno no filme de 1961; aponte-se, por curiosidade, que esta desempenha em 2021 um outro papel, necessariamente mais ajustado à sua provecta idade). Se me perguntassem qual das obras passei a preferir, seria talvez incapaz de uma resposta perentória, quer porque se trata de trabalhos demasiado espaçados no tempo (e, portanto, distantes nos recursos tecnológicos ao respetivo dispor) quer porque ao ativo da maior teatralidade da primeira se somam agora os acrescentos e detalhes provenientes do imenso génio cinematográfico de Spielberg ― ou seja, cada um apresenta virtualidades que o tornam único e insuscetível de comparações que não primárias ou demasiado subjetivas. Ganha o cinema e, no caso, ganhamos nós todos que o pudemos explorar de um modo especialmente eloquente.


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