Fernando Medina é nitidamente um ministro das Finanças à procura de conquistar o seu espaço; em termos de conteúdo técnico-político e de discurso político-técnico, entenda-se se der para entender. Nas últimas horas apanhei-o em duas estranhas contradições ou dissonâncias: por um lado, a gabar-se (!) de termos um défice mais baixo do que a Alemanha (o que agradará aos seus pares europeus mas não sei se será grande cartão de visita para alguém que pertence ao núcleo duro de governantes de um país periférico, atrasado e dependente como o nosso); por outro lado, a pronunciar-se sobre a recente evidência de “caos” na Saúde como não sendo um problema cuja natureza releve da falta de dinheiro (o que não deixará de lhe conferir uma imagem de pouca solidariedade para com a sua acossada colega Marta Temido, não correspondendo também à verdade histórica tal como foi protagonizada por Centeno e Leão, mas também não favorecerá o seu esperado posicionamento austero num seio governativo dito de “contas certas”, até porque aquela colega assim sempre lhe procurará arrancar com sentida legitimidade algum dinheiro adicional para atirar para cima dos problemas de planeamento que não consegue enfrentar). Um ministro das Finanças ainda tenrinho no plano interno e também visivelmente “martelo” nas reuniões de Bruxelas, um caso que é exemplar na evidência de um ator que aspira a algo mais do que decorar bem e reproduzir razoavelmente o papel que o encenador lhe atribuiu e assim lhe cabe representar...
domingo, 19 de junho de 2022
O TIROCÍNIO DE MEDINA
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