(Mais frequentemente do que seria de desejar, uma grande parte do debate público, não só entre muros, mas também a nível europeu e internacional, é travado sem o esforço mínimo de o situar em evidência clara. Parece ser esse o caso da disrupção alimentar a nível mundial, estando o mundo envolvido até à raiz num dos paradoxos mais gritantes do tempo presente – o nível apreciável de progresso tecnológico a nível da fronteira mundial coabita com o regresso da nuvem negra da fome em largas zonas do planeta. Por isso, achei não só sugestivo, mas também interessante, reter os números da exportação de cereais, neste caso de trigo, identificando quem é quem neste ponto quente da guerra da Ucrânia.)
Confesso que os números me surpreenderam. A Rússia responde quase por 40% da exportação mundial de trigo e o que também me espantou é que a União Europeia se perfila como sendo o bloco económico com maior peso, respondendo por cerca de 36%, a três pontos percentuais da Rússia.
Austrália, EUA e Canadá aparecem já distantes e a Ucrânia sofreu no último ano um recuo considerável da sua influência respondendo agora por apenas 10% da exportação mundial, o que significa quase uma relação de 1 para 4 entre a Ucrânia e a Rússia.
Para além desta concentração, outros países espreitam algum acréscimo de influência no mercado mundial tais como a Argentina, a Índia, o Casaquistão e a Turquia, mas ainda muito longe de poderem ser considerados produtores dominantes.
Também por estes números
se compreende a relevância do confronto União Europeia – Rússia, mas não deixa
de inspirar preocupação cerca de 40% da exportação mundial estar sob a influência
dos Russos, que numa situação trágica de apropriação de larga parte do
território ucraniano se aproximaria dos 50%. O que seria brutal.
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