domingo, 26 de junho de 2022

NO FUNCHAL

 


(Quase de partida para o Funchal, onde vou apresentar um paper ao 29º Congresso da Associação Portuguesa do Desenvolvimento Regional, terei provavelmente uma semana com atividade incerta no blogue. O tema do artigo incide em problemas de mudança estrutural das economias das regiões autónomas dos Açores e da Madeira, fazendo confluir o meu interesse pela macroeconomia do desenvolvimento e o trabalho intenso essencialmente como avaliador por mim desenvolvido naquelas duas autonomias regionais.

Para memória futura, fica aqui o resumo do artigo, tal como ele será apresentado na secção SS02 – Desenvolvimento do turismo sustentável nas ilhas.

A ausência por motivos familiares do Professor Dimitris Ballas da Universidade de Groningen, Países Baixos, ditará uma intervenção adicional da minha parte na sessão em que também intervirá o Diretor do ESPON EGTG Dr. Wiktor Szydarowsky.

ISLANDS AND PERIPHERAL TERRITORIES: HOW TO MITIGATE THE RISKS OF TOURISM AND OTHER POTENTIAL DISEASES

Resumo

As ilhas podem ser entendidas como exempos de territórios fortemente dependents dos recursos naturais para construirem uma trajetória de desenvolvimento sustentado na economia mundial. A teoria macroeconómica do desenvolvimento sinaliza os riscos de “Dutch Disease” e da “Maldição dos Recursos Naturais” como principais desafios que as economias insulares enfrentam para desempenharem um papel sustentado na economia global. As doenças do turismo e do petróleo ou as maldições correspondentes são exemplos potenciais. Tirando partido de trabalho feito nas ilhas da Madeira e dos Açores em matéria de avaliação de Fundos Europeus Estruturais e de Investimento (FEEI) cofinanciadores de vários programas nesses territórios, o artigo discute as dificuldades enfrentadas por essas Regiões em alcançar um nível mais elevado de diversificação e valor acrescentado nas duas economias regionais, designadamente na construção de Estratégias de Especialização Inteligente coerentes e bem-sucedidas.

A comparação entre a Madeira e os Açores é sugestiva porque a concentração das atividades do turismo nas duas regiões é muito desigual, com os Açores a desempenhar o papel de uma região que chega tarde (late comer) à especialização turística e a Madeira a apresentar-se como um polo muito consolidado de especialização turística. Como é óbvio, as características dos Açores como arquipélago tendem a gerar níveis mais elevados de fragmentação territorial, aspeto relevante para compreender os estrangulamentos ao crescimento do mercado interno.

Os típicos e críticos problemas destacados pelas literaturas da Dutch Disease e da Maldição dos Recursos Naturais devem ser invocados e mobilizados com cautela. O artigo analisa os constrangimentos das duas Regiões em construir um padrão de especialização mais diversificados e menos vulnerável, a par com as dificuldades de enfrentar um setor público sobredimensionado e sobresubsidiado e de alcançar níveis mais elevados de inovação e transferência de conhecimento para as empresas regionais como manifestações de uma doença estrutural que requer cuidada atenção e o policy mix mais adequado.

A doença estrutural não deve ser vista como uma fatalidade ou maldição dessas economias. A mudança climática e os riscos hoje enfrentados pela globalização trazem um novo contexto para discutir o não-determinismo das vias de desenvolvimento das economias insulares como os Açores ou a Madeira. O papel da investigação e desenvolvimento na construção de uma mais efetiva transferência de conhecimento é analisado em pormenor, do adverso dinamismo de PME regionais e da baixa capacidade de absorção de conhecimento orientado para a inovação.

O tempo de maturação desses processos é muito longo, compreendendo vários períodos de programação e exigindo persistência e coerência de orientações estratégicas. O artigo analisa com maior detalhe os riscos de atomização das ajudas e a importância crucial da mobilização de parcerias colaborativas para alcançar caminhos sustentados de transferência de conhecimento em ambas as economias. Exemplos concretos de projetos de I&D e  de inovação financiados pelos FEEI nos Açores e na Madeira são utilizados para sublinhar boas práticas em superar os anteriormente mencionados estrangulamentos estruturais.

Palavras-chave: Ilhas; Transferência de conhecimento; Maldição dos Recursos Naturais; Dutch Disease; Turismo

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