Há um lado nebuloso ou oculto por trás de cada espectáculo a que assistimos: é toda a diferença entre o resultado, que se nos torna explícito, e a preparação, que apenas pressentimos. Também assim é em qualquer outro tipo de actividade da nossa vida colectiva e, “a fortiori”, no que toca ao espectáculo a que vamos continuando a assistir nos vários palcos europeus.
Por entre o que estes dias de espera por novas evoluções nos revelaram em factos e declarações – a saída de cena dessa inenarrável personagem que é Berlusconi, dois governos tecnocráticos em formação, continuadas pressões dos mercados sobre a Itália e recrudescimento das mesmas sobre uma Espanha à beira de eleições (e já com diferenciais de remuneração das obrigações soberanas não muito longe dos 5 pontos percentuais), responsáveis britânicos a falarem de um “problema francês” e da oportunidade de se “remodelar” a UE, Merkel no Congresso da CDU a referir-se à Europa como um “dever” para a Alemanha e um BCE acossado por todos os lados no sentido de intervir mais massivamente em defesa dos Estados sob ataque – realço uma ilustração daquele trabalho de bastidores que nos foi trazida ontem pela pena do correspondente londrino do “Le Monde”, num artigo curioso (http://lemonde.fr/crise-financiere/article/2011/11/15/la-franc-maconnerie-europeenne-de-goldman-sachs_1603875_1581613.html).
Por entre o que estes dias de espera por novas evoluções nos revelaram em factos e declarações – a saída de cena dessa inenarrável personagem que é Berlusconi, dois governos tecnocráticos em formação, continuadas pressões dos mercados sobre a Itália e recrudescimento das mesmas sobre uma Espanha à beira de eleições (e já com diferenciais de remuneração das obrigações soberanas não muito longe dos 5 pontos percentuais), responsáveis britânicos a falarem de um “problema francês” e da oportunidade de se “remodelar” a UE, Merkel no Congresso da CDU a referir-se à Europa como um “dever” para a Alemanha e um BCE acossado por todos os lados no sentido de intervir mais massivamente em defesa dos Estados sob ataque – realço uma ilustração daquele trabalho de bastidores que nos foi trazida ontem pela pena do correspondente londrino do “Le Monde”, num artigo curioso (http://lemonde.fr/crise-financiere/article/2011/11/15/la-franc-maconnerie-europeenne-de-goldman-sachs_1603875_1581613.html).
O caso em apreço tem a ver com a rede de influência europeia tecida pelo banco americano Goldman Sachs (GS), contando com “figuras totémicas” como o novo presidente do BCE Mario Draghi (vice-presidente da GS International entre 2002 e 2005) e os primeiros-ministros indigitados Mario Monti (conselheiro internacional da GS desde 2005) e Loucas Papademos (governador do Banco Central da Grécia entre 1994 e 2002 e assim parte da operação de maquilhagem das contas públicas operada com a colaboração da GS). Integrando, ainda, outros notáveis que também tiveram papéis na actual crise do euro, de Otmar Issing (ex-Bundesbank e BCE) a Peter Sutherland (ex-comissário europeu e acompanhante próximo do resgate irlandês). Por muito que os tempos não corram de feição para a popularidade dos profissionais da finança e a tendência para o uso dos seus recursos relacionais tenda a enfraquecer, esta achega aponta para uma realidade que importa sublinhar: a de que raramente há coincidências…
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