sexta-feira, 25 de novembro de 2011

PENSAR A CIDADE




Participei hoje, em Braga, no seminário sobre reabilitação urbana promovido pela Câmara Municipal local em torno de dois projectos de reabilitação urbana (um deles no Centro Histórico) que estão em discussão pública. O tema que me foi proposto foi o de pensar as Cidades do ponto de vista dos desafios que as atravessam.
O mote para a minha intervenção encontrei-o revisitando um dos mais belos textos que alguma vez li sobre a história e evolução das Cidades (Fernand Braudel, Civilização material, Economia e Capitalismo séculos XV-XVIII – As Estruturas do Quotidiano, Teorema, 1979). Citando o excerto que me serviu de orientação:
“As cidades são transformadores eléctricos: aumentam as tensões, precipitam as trocas, caldeiam (recarregam, a partir da versão inglesa) constantemente a vida dos homens. (…) A cidade é cesura, ruptura, destino do mundo.” (p.421).
Com base nesta expressão de sabedoria de quem estuda o tempo longo, desenvolvi quatro (macro) tendências e os correspondentes desafios de interpretação, gestão e governação das cidades para os municípios portugueses nos tempos que nos esperam.
Macrotendências: (i) As cidades tenderão a projectar o seu peso crescente como espaços de atracção /dinamização de actividade económica e emprego; (ii) Será nas cidades que a operacionalização das estratégias e dos imperativos da sustentabilidade encontrará um espaço mais imediato de geração de novos comportamentos; (iii) Cidades como espaços de polarização e inovação social, sobretudo na sequência de uma mistura que é explosiva: envelhecimento, erosão da família tradicional, crise social ditada pelo desemprego-família e empobrecimento do país; (iv) As Cidades tenderão a projectar aceleradamente os limites de intervenção das políticas públicas não só por força da escassez de recursos públicos, mas também porque há factores de diferenciação das cidades sobre os quais o poder de intervenção das políticas públicas é reduzido (atmosferas virtuosas e empreendedorismo económico e social).
Com base na exploração destas (macro) tendências é possível perfilar alguns desafios organizacionais (internos e de cooperação com outras instituições) que darão corpo a algumas reflexões futuras neste espaço.

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