Assisti ontem a largos momentos de uma interessante conferência internacional – “O Euro e a Crise da Dívida” – realizada no Porto pelo Partido da Esquerda Europeia e pelo Bloco de Esquerda, sob coordenação dos deputados europeus Marisa Matias e Miguel Portas. Soube especialmente bem partilhar pontos de vista com outros cidadãos igualmente preocupados com a actual situação europeia e portuguesa, assim como que tal ocorresse num ambiente aberto e claramente diverso das “missas” que quotidianamente as televisões (e os “media” em geral) nos oferecem quase em exclusivo.
Analisaram-se, com algum detalhe e profundidade, os mais complexos casos concretos – Grécia, Irlanda, Espanha e Itália, para além de Portugal –, equacionaram-se as principais questões no centro da agenda europeia e seus impasses, referiram-se algumas experiências de reestruturação da dívida em diferentes contextos, discutiram-se possíveis respostas alternativas às políticas de austeridade e recessão dominantes.
Para quem sente quão asfixiante (ou claustrofóbica?) é a actual quase ausência de debates públicos e participados sobre temas relevantes para a nossa sociedade e futuro colectivo, é de inteira justiça a expressão de uma viva saudação a esta iniciativa. Como o é, também, o sinal menos que ela necessariamente nos obriga a dirigir aos partidos do arco da governação, aqueles a que naturalmente se atribuem maiores responsabilidades e melhores condições no sentido de um esclarecimento sério dos portugueses. Esperaremos sentados pelo fórum europeu proposto no Congresso do PS por Mário Soares? Seria lamentável que assim fosse…
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