A subtil diferença entre insolvência e falta de liquidez
que tem sido estabelecida para distinguir a pressão sobre a Grécia da exercida
sobre outros países (particularmente a Itália) corre o risco de se esboroar com
a vertigem dos últimos dias. Analisando o coro de opiniões e comentários que têm
dominado o pensamento sobre os últimos desenvolvimentos da crise do Euro, é
agora mais representativo o número dos que colocam a viabilidade de saídas forçadas
ou até de implosão. O espectro da UE a duas velocidades ressurgiu, seja como
sequela da governação por directórios, seja por consequência previsível das propostas
de governação que se anunciam. Mas o que é particularmente marcante é a convergência
de diferentes correntes de pensamento sobre a matéria sobre o papel adiado do
BCE como credor de última instância, exigindo revisão de estatuto ou uma
revolução como é aplicado.
No meio desta multiplicação de ideias e comentários que
tem marcado a blogosfera especializada não resisto a reproduzir um gráfico apresentado a 7 de Novembro por Krugman (http://krugman.blogs.nytimes.com/page/2/) que,
com a sua acutilância habitual, interpela toda esta discussão. Aí se compara a
evolução temporal do saldo da balança de transacções correntes da Alemanha (excedentário) com
o saldo conjunto de Portugal, Espanha, Grécia e Itália (deficitário). Adivinhem o significado
da data inicial e espantem-se com a divergente simetria dos dois saldos.
Todos sabemos que há gráficos enganadores. Mas este é
seguramente muito perturbador, indo para além da simples coincidência.
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