A minha não apetência para blogger noctívago explica que
esta nota só agora seja registada. Estou perplexo. No Quadratura do Círculo
dedicado à apreciação da greve geral, a posição mais consistente e acutilante de
explicação e defesa do direito à greve e de desmontagem da questão “alguém
ganhou com a greve geral?” foi a de José Pacheco Pereira (JPP). Registei alguma
surpresa nos rostos de Manuel Carvalho da Silva e de João Proença (este último
estranhamente menos redondo e mais convincente em matéria de análise dos últimos
(não) desenvolvimentos na concertação social do que o primeiro. A prestação de JPP
transmitiu uma defesa exemplar do direito à greve como manifestação superior da
qualidade da democracia e de acautelamento dos interesses de faixas importantes
da sociedade portuguesa, não deixando de denunciar alguns desequilíbrios na
cobertura de interesses de grupos mal representados nas estruturas sindicais. António
Costa não esteve presente mas provavelmente o sentido desta nota seria pouco
diferente. Curiosamente, na presença dos dois dirigentes sindicais, JPP foi claramente
menos ácido na sua crítica à rigidez das posições sindicais do que nele é
habitual. Deferência para com os colegas de debate em dia tão específico? Sinais
de uma leitura mais consistente do processo de “ajustamento” em curso?
Estarei a ser talvez um optimista inveterado. Mas porque é
que fiquei com a impressão que o pensamento das duas centrais sindicais me
pareceu mais aberto a outras conversas do que o das forças políticas que lhe
estão mais próximas?
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