O risco de
naufrágio da zona euro deixou de ser invocado apenas pelos comentadores mais críticos
da ortodoxia monetarista que orienta as posições alemãs nesta matéria. Constitui
hoje um elemento central de fontes de pensamento claramente identificadas com o
pensamento liberal, como o são, por exemplo, o Financial
Times e o The Economist.
Não resisto a
citar uma delícia de passagem no Economist de 26 de Novembro de 2011, inserido
na sua secção Charlemagne, dedicada aos temas
europeus, numa edição em que o tema de capa é a provável implosão do euro:
“Por agora, há
uma atmosfera surreal em Bruxelas. Tal como a orquestra que tocava enquanto o
Titanic se afundava, a burocracia de Bruxelas continua a produzir estudos, políticas
e regulamentos. Num briefing desta semana, um burocrata afirmava que “hoje é um
dia muito bom não apenas para os tubarões europeus, mas também para os tubarões
de todo o mundo. Não se tratava de uma alusão a odiados especuladores financeiros.
Pelo contrário, tratava-se de uma nova proibição sobre o aproveitamento de
barbatanas de tubarões apanhados em águas europeias ou em qualquer outra parte por
navios europeus.”
Não tenho
conhecimento suficiente do caso Titanic para uma analogia de circunstância
entre o comandante daquele e o Presidente da Comissão Europeia. Mas mais do que
um navio, é de um comandante à deriva que se trata. É português e os danos de
um potencial naufrágio estarão muito para além dos passageiros registados.
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