(Sim, ainda e
sempre o futebol como metáfora, não apenas para os que jogam e se interessam
por tão estranha alienação, segundo
alguns claro está)
O homem tem
seguramente uma ligação ao Altíssimo, isso já não duvidava e estou cada vez
mais convicto de tal conexão. A sua fé no grupo e na capacidade de ler o
adversário e anular-lhe os potenciais de risco é inquebrantável. O enunciado da
sua convicção de que só voltaria para o regaço do lar no dia 11, depois da
final, foi uma manifestação de fé interior, não de fanfarrão exibicionista.
Nunca vi na modalidade uma comunicação como esta. Não era decisivamente o
estilo da liderança do Scolari das conferências pagas a peso de ouro. Alguém me
dizia que o da liderança exibicionista e preparada nos manuais se apegava pelos
vistos a uma Santa. O estilo de Fernando Santos é bem diferente e não aposta em
intermediários. A ligação é direta e de comunhão total.
Do ponto de
vista da relação do modelo de comunicação com os traços socioculturais mais
profundos da população portuguesa, este estilo de liderança e comunicação é
seguramente mais eficaz.
A imagem de
fim de jogo, submerso num grupo de portugueses na bancada, é em si metafórica.
E agora tudo pode acontecer. A deceção de confirmar que há outros mais fortes e
organizados. Ou a confirmação de que se pode ganhar, organizando-nos para não
perder e partindo dessa postura para encontrar brechas no adversário. Estamos a
precisar da segunda, embora necessitemos de nos preparar para a possibilidade
da primeira. A bipolaridade também se trata e o nosso Fernando é um terapeuta
de primeira. Tudo isto supera a espantosa impulsão do Cristiano e quem alguma
vez jogou voleibol sabe que quando a forma física é de outro mundo parece que é
possível suspendermo-nos bem lá no alto. O que é um bom augúrio de forma física
do nosso gladiador, especialmente depois de uma época infindável e de um
Europeu a percorrer quilómetros lá na frente a alguma distância do meio campo
municiador. E também a intuição do Nani e o providencial levantamento de perna
/simulação do Renato, perturbando a reação imediata da defesa galesa.
Algo está a
mudar. Estudar um adversário teoricamente mais fraco com o mesmo empenho e
rigor do que o faríamos se estivéssemos perante um tubarão é um bom princípio.
Preparemos o
domingo de todas as decisões. E que venha a França.
Sem comentários:
Enviar um comentário