quinta-feira, 7 de julho de 2016

COMUNHÃO COM O POVO




(Sim, ainda e sempre o futebol como metáfora, não apenas para os que jogam e se interessam por tão estranha alienação, segundo alguns claro está)

O homem tem seguramente uma ligação ao Altíssimo, isso já não duvidava e estou cada vez mais convicto de tal conexão. A sua fé no grupo e na capacidade de ler o adversário e anular-lhe os potenciais de risco é inquebrantável. O enunciado da sua convicção de que só voltaria para o regaço do lar no dia 11, depois da final, foi uma manifestação de fé interior, não de fanfarrão exibicionista. Nunca vi na modalidade uma comunicação como esta. Não era decisivamente o estilo da liderança do Scolari das conferências pagas a peso de ouro. Alguém me dizia que o da liderança exibicionista e preparada nos manuais se apegava pelos vistos a uma Santa. O estilo de Fernando Santos é bem diferente e não aposta em intermediários. A ligação é direta e de comunhão total.

Do ponto de vista da relação do modelo de comunicação com os traços socioculturais mais profundos da população portuguesa, este estilo de liderança e comunicação é seguramente mais eficaz.

A imagem de fim de jogo, submerso num grupo de portugueses na bancada, é em si metafórica. E agora tudo pode acontecer. A deceção de confirmar que há outros mais fortes e organizados. Ou a confirmação de que se pode ganhar, organizando-nos para não perder e partindo dessa postura para encontrar brechas no adversário. Estamos a precisar da segunda, embora necessitemos de nos preparar para a possibilidade da primeira. A bipolaridade também se trata e o nosso Fernando é um terapeuta de primeira. Tudo isto supera a espantosa impulsão do Cristiano e quem alguma vez jogou voleibol sabe que quando a forma física é de outro mundo parece que é possível suspendermo-nos bem lá no alto. O que é um bom augúrio de forma física do nosso gladiador, especialmente depois de uma época infindável e de um Europeu a percorrer quilómetros lá na frente a alguma distância do meio campo municiador. E também a intuição do Nani e o providencial levantamento de perna /simulação do Renato, perturbando a reação imediata da defesa galesa.

Algo está a mudar. Estudar um adversário teoricamente mais fraco com o mesmo empenho e rigor do que o faríamos se estivéssemos perante um tubarão é um bom princípio.

Preparemos o domingo de todas as decisões. E que venha a França.

Sem comentários:

Enviar um comentário