sexta-feira, 15 de julho de 2016

FOREIGN OFFICE




(O drama é que já nada nos espanta, temos de nos habituar a essa ideia)

A mensagem do Tweeter expressa pelo ex-primeiro ministro sueco e diplomata Carl Bildt ilustra bem a perplexidade gerada pela sua nomeação por Theresa May para ministro dos Negócios Estrangeiros. Claro que haverá questões de política interna entre os conservadores que nos escapam. Mas o sentimento expresso por alguns que acreditaram que se trataria de uma brincadeira ou uma piada. Mas não, era a mais pura realidade.

Duncan Robinson no Brussels Briefing do Financial Times acrescenta lenha à fogueira, dizendo apenas o seguinte (cito): “Mas Mr. Johnson não terá muito poder: as negociações com Bruxelas e a celebração de novos acordos de comércio serão da responsabilidade de outros. Mais, os ministros dos Negócios Estrangeiros são olhados com desdém em muitos corredores de Bruxelas. Usando as palavras de um representativo quadro sénior de Bruxelas, os ministros dos negócios estrangeiros fazem pouco mais do que realizar conferências de imprensa para provar que ainda existem. Nesta perspetiva, Boris é o homem certo para a função que vai desempenhar.”

Não sei o que o meu antigo colega na FEP Augusto Santos Silva pensará disto. Estou certo que o seu peso político não se coaduna com essa desvalorização do lugar. Voltando ao Reino de Sua Majestade, embora me pareça que a nomeação de Johnson será uma forma de Theresa May o ter com rédea curta, não deixa de incomodar os espíritos mais calmos e não bélicos ter um menino mimado da elite de Eaton a incendiar alguns diálogos. Por isso já nada nos espanta, e isso é trágico, agora sobretudo que a barbárie do terrorismo islâmico potencia respostas descontroladas nas sociedades mais ameaçadas, de dentro e não de fora.

Como alguém dizia em comentário ao Tweet de Carl Bildt, será interessante estar atento a quem vai realizar o primeiro convite a Boris Johnson para uma visita diplomática.

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