(Com a saída de
cena de David Cameron, eu não
diria melhor do que Chris Dillow no Stumbling and Mumbling)
Este blogue
também se faz de citações, sobretudo quando elas representam bem o nosso pensamento
sobre a matéria em causa.
A saída de
cena de David Cameron, personagem que tanto inspirou a política do PAF, pode
ser aparentemente altiva como um qualquer personagem da upper class inglesa aprende nas escolas de elite a encenar. Mas na
minha interpretação o rasto que fica não joga com essa altivez. As palavras de Chris Dillow no Stumbling and Mumbling espelham fielmente a minha visão do seu
legado. Cito, por isso:
“O exercício da
função de primeiro-Ministro por David Cameron deve ser considerado um falhanço.
Queria que o Reino Unido permanecesse na União Europeia, mas falhou; queria preservar
o Reino mas a Escócia pode bem sair em resultado do Brexit; queria curar um
Reino Unido dividido mas deixa o país dividido e com crimes de ódio a crescerem.
Uma grande razão para esses falhanços reside na política económica. Austeridade
desnecessária contribuiu para o Brexit de quatro maneiras:
·
Contribuindo para a estagnação dos rendimentos de muitos, aumentou a hostilidade
para com os imigrantes, que alguns apoiantes do Brexit exploraram. Quando tal
prática se combina com desigualdade elevada, que Cameron pouco combateu, também
contribuiu para a crescente desconfiança face às elites. Talvez tenha sido por isso
que Theresa May falou de abandonar a austeridade e reduzir a desigualdade, que
ela agora pode ver, com o benefício de retrospetivamente poder ver que tem efeitos
políticos e culturais tóxicos;
·
Piorando a qualidade dos serviços públicos, Cameron e Osborne criaram a
falsa impressão de que os imigrantes eram os responsáveis pelas pressões sobre o
Sistema Nacional de Saúde britânico. Como Simon diz, algumas pessoas votaram a
favor do Brexit porque pensaram
erradamente que a redução da imigração melhoraria o sistema de saúde;
·
As políticas de austeridade ocorreram contrariamente à sabedoria
estabelecida de muitos economistas especialistas. Calando os peritos nesse domínio,
foram por isso menos capazes de apelar à sua voz para justificar os méritos de ficar
na União Europeia. Criaram um precedente no sentido da rejeição do mainstream
económico.
·
Apoiando internamente a austeridade isso significou que os Conservadores não
podiam argumentar a favor de políticas expansionistas na zona euro – políticas que
poderiam ter simultaneamente reduzido a migração para o Reino Unido, contribuindo
também para minimizar a imagem da União Europeia como uma instituição falhada. Isso
quer dizer que Cameron não podia argumentar que o Reino Unido estava a
desempenhar um papel positivo na Europa, não podendo consequentemente argumentar
que a permanência do Reino Unido na União Europeia conduziria a uma melhor União.
Isso significou que o enviesamento para o “wishful thinking” estava mais do lado
do Brexit do que do Remain.”
Por isso eu
acho que, embora escondido na altivez arrogante da sua retórica, com bom humor
e tudo no Parlamento, Cameron sai pela sombra e lá no fundo de orelha caída.
Sem comentários:
Enviar um comentário