terça-feira, 26 de julho de 2016

DRAGHI E COSTA: COMUNHÃO PERFEITA


Mario Draghi e Carlos Costa fizeram na semana derradeira declarações públicas muito consonantes acerca dos sistemas financeiros europeu e português, respetivamente. Sublinha-se aqui a excelente intervenção do governador do Banco de Portugal na Comissão de Orçamento, Finanças e Modernização Administrativa da Assembleia da República, em especial a sua menção às três grandes condicionantes que limitam as nossas instituições financeiras: o seu sobredimensionamento face à realidade envolvente (quebra da atividade económica e redução do rendimento das famílias), a sua baixa margem financeira (também por via da rigidez de um ativo marcado por longas maturidades e indexado a taxas Euribor em mínimos históricos) e a excessiva presença de ativos não são produtivos (i.e., que mobilizam capital mas não geram rendimento e estão avaliados em 30 mil milhões de euros). As consequências estão aí, bem à vista, quer em termos de dificuldades de recomposição das estruturas acionistas (escassa atratividade de capital e valor de mercado “em desconto”) quer em termos de escassa capacidade de resposta às necessidades de financiamento da economia. Uma nota final à margem para sublinhar uma outra afirmação de Carlos Costa, aquela segundo a qual o programa português de assistência económica e financeira não foi executado na sua plenitude (por falta de constituição de um “veículo de crédito hipotecário”, um veículo que pudesse obstar à insuficiência da garantia estatal através de uma garantia supranacional).

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