segunda-feira, 4 de julho de 2016

KIAROSTAMI




(Tristes vão os tempos quando desaparecem referências do nosso intelecto, é este o caso da morte de Abbas Kiarostami, a quem devemos a representação de um outro Irão que certamente nunca conhecerei ao vivo)

Tenho uma especial admiração por aqueles que em condições difíceis, muitas vezes com o risco da própria vida, não hipotecam a sua criatividade. Esta semana, numa participação que tive numa sessão organizada pelo Agrupamento de Escolas de Gondomar (grato à Dra. Lília Silva pelo convite), em franco diálogo com especialistas da educação que não sou, o Professor Matias Alves da Universidade Católica trouxe para a sua intervenção um bonito poema de António Botto, na voz da Manuela de Freitas, “O mais importante na vida é criar”.

Pois é com as palavras de Manuela de Freitas na cabeça que registo neste espaço o desaparecimento de Abbas Kiarostami. O cineasta iraniano ensaiou durante largo tempo a tentativa de não hipotecar a sua criatividade no contexto da emergência da revolução iraniana, acabando por não resistir aos sucessivos limites a que a sua criatividade foi sendo submetida. Mas a minha visão do Irão nunca foi a mesma depois de visualizar o Sabor da Cereja.

Também esta semana desapareceu ouro cineasta maldito, Michael Cimino, do qual o Deer Hunter e o The Year of Dragon foram referências incontornáveis. Tempos tristes em que a finitude das nossas referências se sucede a um ritmo impressionante.

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