segunda-feira, 25 de julho de 2016

O PRIMARISMO À SOLTA NO CHÃO DA LAGOA




(Eu sei que o ambiente do Chão da Lagoa é propício a relevar que os primatas também podem fazer política, mas que Passos Coelho se deixe entusiasmar pela símio-partidarite, espanta-me. Talvez devesse não espantar-me.)

O Chão da Lagoa foi palco de manifestações de boçalidade política que certamente os primatas, se fizessem política, rejeitariam. Deve haver por isso e por aquelas bandas algo no ar que faz despertar o que de mais demagógico existe nas cabeças das criaturas que utilizam aquele palco. Pensei, ingénuo talvez, que a era de Miguel Albuquerque com as suas rosas e ar urbano apagasse essa tradição e trouxesse àquela região um mínimo de decência verbal e um travão às símio-boçalidades. Mas não. A inércia deve ser muita e o negócio dos comes-e-bebes deveria ir-se abaixo sem aquele tipo de números.

Pois Passos Coelho foi na onda e com aquela capacidade de argumentação que o caracteriza, de grande estadista de bandeirinha na lapela, atirou-se ao tema das sanções para gritar alto e bom som que anda tudo enganado. As sanções são preventivas, ou seja acontecem porque a maioria dos governos europeus desconfia do que está a fazer-se em Portugal e, por isso, antes que aconteça o que eles consideram descalabro, lançam-se sanções sobre o problema para o agravar e demonstrar que tinham razão. Eis uma tirada digna do Chão da Lagoa e do seu mais legítimo espírito. Marcelo no casamento para que tinha sido convidado deve ter-se engasgado, pois com esta argumentação e maneira de fazer política o Presidente bem pode pregar aos quatro ventos que compromissos e acordos sobre matérias cruciais dificilmente os terá. A adesão por parte de Passos Coelho ao espírito do Chão da Lagoa significa a explicitação do desespero político de quem alinha na vinculação de Bruxelas para poder voltar ao poder. Pode ser que se engane e acabe na irrelevância do caixote do lixo da história. É que os socialistas podem errar em muita coisa, o acordo parlamentar à esquerda pode conter as suas próprias irracionalidades, mas assumir que só pode ser-se poder com a palmatória de Bruxelas a ajudar é coisa que pode não agradar ao eleitor. E se em alternativa agradar é altura de mudar de país para os que estejam em condições de o poder fazer.

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