segunda-feira, 11 de julho de 2016

MALA DE CARTÃO




(O futebol é de facto um fenómeno espantoso…)

A vitória épica de Portugal sobre uns atónitos franceses que pareciam debater-se com uma parede intransponível, construída nas condições mais anómalas e trágicas da eliminação do jogo do nosso gladiador e com um Éder providencial a protagonizar o golo e toda uma mudança tática do nosso representante de Deus na Terra, dá compreensivelmente origem às mais inesperadas reações.

Da minha parte, após um grito que se deve ter ouvido na super-calma minha rua de todos os dias, a minha associação foi para um pastiche, Mala de Cartão da Linda de Susa. Temia pelo pior, sobretudo pela deceção coletiva de todo um povo emigrado que poderia acontecer, mas não aconteceu. Por mais exagero que haja na afirmação, esta vitória é redentora de toda uma emigração, sabe bem por eles e, estranheza das estranhezas, senti um calafrio ao ouvir de novo a canção no You Tube. E estas croniquetas sobre o Euro 2016 acabam com a metáfora da resiliência, da capacidade de reagir à adversidade e que adversidade foi a eliminação do jogo de Cristiano. Somos assim, e as categorias sociológicas que se danem. Fernando Santos construiu uma equipa em torno dessa ideia de resiliência, ou seja tornar praticamente impossível que alguém nos ganhe e aproveitar uma oportunidade que se já.

Será que esta metáfora é transponível para a governação? Haverá alguém por aí que siga o rumo de Fernando Santos?

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