sábado, 30 de julho de 2016

MARIO POR ESQUINAS ESCONSAS


Não sei se me terei deixado condicionar por alguns maus espíritos, mas o certo é que a leitura que fiz do último romance de Mario Vargas Llosa (“Cinco Esquinas”) me deixou bastante desiludido e até, em alguns trechos, razoavelmente incomodado. Com efeito, quase não reconheci ali a intensidade e a espessura do grande escritor peruano que foi Nobel da Literatura em 2010, o autor de “Conversa na Catedral”, “A Festa do Chibo” ou “O Paraíso na Outra Esquina”, para só referir algumas das suas obras mais notáveis. Ao invés, o que mais pressenti naquelas páginas foi do foro de algum excesso (despropositado, sórdido e desajeitado), foram toques inéditos em Llosa de uma dominante ligeireza – em suma, e para dizer depressa, não gostei nada do escrito e menos gostei ainda de que ele fosse imputável a uma proveniência que faço de questão de guardar em gaveta mais elevada!


Paralelamente, e porque me é impossível escapar às capas e a algumas fotos que foram fazendo a  ¡HOLA!” do último ano, sei que o dito (que completou oitenta primaveras em março) parece andar numa muito boa, num cuco mesmo. E a razão estará visivelmente ligada a Isabel Preysler, uma das mais assíduas frequentadoras das revistas cor-de-rosa e ex-mulher de Julio Iglesias (e mãe do também cantor romântico Enrique), de um nobre local e do político socialista Miguel Boyer. Uma causa de empolgamento amoroso que só me cumpre constatar, sem qualquer outro comentário que não o de um sincero “que lhe preste”, pese embora o facto de que para tal não haveria talvez necessidade de envolvimentos pirosos em momentos de publicidade à “Porcelanosa” e similares. Tanto mais que não vai há muito tempo que Mario criticava (“A Civilização do Espectáculo”) “um mundo onde o primeiro lugar da cadeia de valores é ocupado pelo entretenimento” e denunciava “a banalização da cultura, a generalização da frivolidade e (…) a proliferação de um jornalismo irresponsável da fofoca e do escândalo”. Dito isto, tenho a perfeita noção de que este assunto, aqui nascido a propósito de um amador esboço de crítica literária, tem muito mais na carta, visto que reflete dimensões essenciais da vida e da sensibilidade masculina dentro dela – o problema está em que as minhas competências (ou falta delas) não me autorizam, obviamente, a que ouse sequer penetrar por esse terreno tão desafiante e fascinante quanto ingrato e melindroso...

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