(A conclusão do puzzle
está mais complicada do que parecia, eis mais uma dimensão de análise que fui buscar aos anos 90…)
A especialização do conhecimento e a segmentação das práticas políticas e
profissionais têm conduzido a uma estratificação de leituras e perspetivas
sobre a Cidade que em si própria não é negativa, mas cujos danos se avolumam
por não estar disponível qualquer integração dessas múltiplas leituras e perspetivas.
Por mais interdisciplinares que se apresentem algumas análises ou estudos
sobre a Cidade, a autonomia de cada disciplina tornou-se um ponto de honra para
os seus utilizadores, confundindo-se integração e disciplinaridade com o número
e diversidade de leituras. Nos tempos que correm, o “trespassing” que o patrono deste blogue Albert O. Hirschman tanto praticou
parece não estar na moda.
Fica a advertência:
“A Cidade é
complexa, plural, variável, rica nas suas diferenças, frequentemente no seu
estado potencial, de virtualidades. Ela deve ser a imagem da permanente e fecunda
liberdade. Ter uma visão unificada e inacabada do homem, deixando de o decompor
em funções elementares: os habitantes não são alternativamente utentes de
transportes coletivos, consumidores de hipers, compradores de cultura,
praticantes de jogging ao domingo; não se decompõem em tranches, como se de
fusos horários se tratasse. Isto significa também_ ter a obsessão de basear a
libertdade na pluralidade dos homens”.
Bernard Préel, La Ville à Venir, Décartes
& Cie., 1994
Esta pluralidade faz-se de relações de proximidade e de conexões com o longínquo,
que o digital está decisivamente a potenciar. Mas esse confronto entre a proximidade
e a longinquidade faz parte da pluralidade de que fala Préel.
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