quinta-feira, 16 de fevereiro de 2017

PRODUTOS PARA A INCONTINÊNCIA VERBAL, PRECISAM-SE




(Tinha prometido a mim próprio que mais algum comentário sobre a Caixa estaria fora das cogitações deste espaço, mas a cacofonia dos últimos dias justifica mais algumas palavras…)

A palavra, escrita, falada ou simplesmente sussurrada aos ouvidos de um jornalista interessado em ter linha para a sua pesca lucrativa, é uma espécie de capital de sobrevivência para o político que se preze. Os tempos estão propícios a esse tipo de colheita. É como se a palavra representasse senha de presença. A Caixa, a nossa, não a dos espanhóis, La Caixa, é uma fonte inesgotável de incontinências verbais e pelo que sei não foi ainda descoberta, em democracia, o tipo de fraldinhas adequadas a conter tal insuficiência. Em regimes autoritários há métodos menos recomendáveis para combater tal insuficiência.

A Caixa é uma fonte inesgotável de diz-se, diz-se, pois gente aparentemente esclarecida, academicamente bem e superiormente formada, não tem na sua cabeça bem sedimentada a diferença entre público e privado, e por isso, de calças na mão face à situação criada, sujeita-se aos ditames de um guru como Domingues, estando disposta a criar leis próprias para acomodar as pretensões do Deus da banca. Esta cultura do serviço público está pela hora da morte e por este andar o tema fundamental deste blogue, as relações entre o público e o privado correm o risco de transformarem-se em simples arqueologia das ideias.

Um caldinho desta natureza é o paraíso para a incontinência verbal e, a pás nas tantas, até o Presidente, que fala até cansar, é apanhado no remoinho da incontinência.

E até Galamba, o impetuoso, vem à liça, os demónios soltaram-se, alinhando com os PS que começam a dar sinais de impaciência com tanta proteção da Presidência, talvez mais interessados em regressar à calma da decisão, cansados de tanta negociação e contemplação à esquerda. Quantos são? Quantos são? Aparentemente não são muitos mas os incontinentes verbais são naturalmente os primeiros a deixar aliviar a pressão.

E, no meio de tal algazarra, com a oposição de direita a encontrar a brecha, ou a presa, ideal para disfarçar a sua completa desorientação para tantas revisões em alta e em baixa (do desemprego) que lhes exige uma explicação ou um simples comentário, ninguém que me tenha apercebido fez uma pergunta incómoda. A pergunta é esta: se a capitalização da Caixa, sem suscitar a necessidade de ajudas de Estado, era assim tão difícil, que pergaminhos ou redes de relações teria a equipa de Domingues em Bruxelas que terão determinado aquilo que foi uma efetiva lança em África para o governo de Costa? Estaremos em presença de exímios e poderosos negociadores capazes de conseguir o impossível? Pertencerão estes senhores tão zelosos do secretismo do seu património a alguma rede de influências transnacional, daquelas que efetivamente governam a Europa? E assim me quedo com a curiosidade frustrada.

Sem comentários:

Enviar um comentário