(Após alguns desencontros,
tive finalmente oportunidade de ver ao vivo, hoje, na Casa da Música, o
pianista russo de São Petersburgo Arcadi Volodos e é certamente uma recordação
que perdurará na minha memória visual e auditiva …)
A Guilhermina Suggia estava longe de estar cheia, algumas clareiras
significativas do lado direito do auditório, aquele que não permite ver as mãos
dos virtuosos, mas clareiras benditas porque me permitiram comprar bilhete
muito perto da data do espetáculo numa fila G que dá para um míope seguir pelo
menos a entrega ao piano, que é muito visível na imagem que abre este post, que
corresponde a um gesto muito comum de Arcadi Volodos em pleno desempenho.
Volodos é de facto um pianista de uma consistência notável. Já o conhecia
de alguns CD que estão sempre ao pé de uma escolha de circunstância, mas ansiava
por vê-lo ao vivo e ouvir a sonoridade que conseguiria tirar do piano residente.
Como convinha e é especialização de Volodos, tivemos um programa dedicado ao
romantismo, da juventude de Schumann à maturidade das oito peças para piano op.
76 de Brahms, para culminar na divina Sonata em Lá Maior, D. 959 de Schubert,
escrita segundo o escorreito programa dois meses antes do precoce desaparecimento
do compositor. Aquela Sonata exigia uma Suggia mais repleta e vibrante, pois é
de outro mundo na interpretação de Volodos. O andantino segundo andamento é tão
arrasador como o foi já há alguns anos a passagem de Krystian Zimmermann, o
pianista polaco pela Suggia.
Bem-haja a Casa da Música e a sua direção pela oferta a um cidadão do Porto
de tal preciosidade, colocando-nos pelo menos neste pormenor ao nível dos mais
respeitáveis cidadãos da Europa, amantes do sublime.
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