quinta-feira, 9 de fevereiro de 2017

CHEIRA MAL




(O folhetim Caixa Geral de Depósitos começa a feder e não é apenas por uma oposição interessada em fragilizar e abater o ministro Centeno e ocultar o impacto da consolidação orçamental conseguida, o pior é que o modo como a equipa das Finanças tratou o caso dificilmente não salpicará o primeiro-Ministro, em tempos que exigiam outras preocupações)

Hesitei em regressar ao tema. A verdade é que PSD e CDS encontraram nesta brecha da cavalgada em torno da CGD uma pequena abertura para se ouvirem e ocultarem os resultados da consolidação orçamental e por isso justificariam o silêncio e a indiferença. Mas o problema é que a brecha gerada pela equipa das Finanças já ultrapassou a simples e bondosa classificação de trapalhada. É má gestão política, da pior que tenho visto, pelo que ela representa de subserviência absoluta a uma personalidade que, pelos cânones de exigência do setor financeiro até pode ser uma luminária de competência, mas que do ponto de vista do interesse público e da sua defesa é de uma insolente arrogância.

Podemos discutir se é Centeno que testou neste processo a ingenuidade e incompetência políticas ou se é o nervoso e agitado Mourinho Félix que está na origem do imbróglio. É totalmente irrelevante essa perspetiva pois é a equipa das Finanças como um todo que está aqui em jogo.

Mas o que é para mim mais chocante e atentatório de uma relação saudável entre público e privado é a revelação ainda não desmentida de que os mui competentes advogados do arrogante Domingues tiveram participação ativa na elaboração de uma lei à medida das pretensões de sigilo e proteção que o CEO Domingues desejaria assegurar para se dignar oferecer ao setor público a sua competência, para além, claro está, da principesca remuneração exigida, acima de qualquer pretensão de respeitar a lei da paridade dos poderes de compra. O fedor da promiscuidade é insuportável, tão insuportável que até Rangel o moralista pode ter razão.

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