(O folhetim Caixa
Geral de Depósitos começa a feder e não é apenas por uma oposição interessada em
fragilizar e abater o ministro Centeno e ocultar o impacto da consolidação
orçamental conseguida, o pior
é que o modo como a equipa das Finanças tratou o caso dificilmente não salpicará
o primeiro-Ministro, em tempos que exigiam outras preocupações)
Hesitei em regressar ao tema. A verdade é que PSD e CDS encontraram nesta
brecha da cavalgada em torno da CGD uma pequena abertura para se ouvirem e ocultarem
os resultados da consolidação orçamental e por isso justificariam o silêncio e
a indiferença. Mas o problema é que a brecha gerada pela equipa das Finanças já
ultrapassou a simples e bondosa classificação de trapalhada. É má gestão política,
da pior que tenho visto, pelo que ela representa de subserviência absoluta a
uma personalidade que, pelos cânones de exigência do setor financeiro até pode
ser uma luminária de competência, mas que do ponto de vista do interesse público
e da sua defesa é de uma insolente arrogância.
Podemos discutir se é Centeno que testou neste processo a ingenuidade e incompetência
políticas ou se é o nervoso e agitado Mourinho Félix que está na origem do imbróglio.
É totalmente irrelevante essa perspetiva pois é a equipa das Finanças como um
todo que está aqui em jogo.
Mas o que é para mim mais chocante e atentatório de uma relação saudável
entre público e privado é a revelação ainda não desmentida de que os mui
competentes advogados do arrogante Domingues tiveram participação ativa na elaboração
de uma lei à medida das pretensões de sigilo e proteção que o CEO Domingues
desejaria assegurar para se dignar oferecer ao setor público a sua competência,
para além, claro está, da principesca remuneração exigida, acima de qualquer pretensão
de respeitar a lei da paridade dos poderes de compra. O fedor da promiscuidade é
insuportável, tão insuportável que até Rangel o moralista pode ter razão.
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