segunda-feira, 27 de fevereiro de 2017

A CIDADE HABITADA (IV)




(Na construção do puzzle para a intervenção de 6 de março não poderia faltar o eco da COLLAGE CITY de Colin Rowe e de Fred Koetter, o confronto é curioso sobretudo quando em simultâneo se relê Jane Jacobs no Death and Life of Great American Cities…)

Colagem, bricolagem e outros que tais são termos mais utilizados pelo amigo Álvaro Domingues do que por este vosso amigo, mas a obra de Rowe e Koetter também ao tempo passou, com atraso, pelos meus sensores e não podia, por isso, deixar de fazer parte do puzzle. O tempo aperta e ainda não antevejo o seu acabamento.

Um excerto longo, mas precioso, para refletir sobre as relações entre o habitado e o por habitar:

“(…) A fixação seja no objeto, seja no espaço, não constituem em si próprias posições válidas. É certo que uma pode caracterizar a cidade “nova” e a outra a cidade “antiga”; mas se os dois modelos estão destinados a ser ultrapassados – e não imitados – é preciso contar com uma situação em que edifícios e espaços coexistirão num debate permanente entre iguais, debate em que a vitória deixará ileso cada um dos adversários. É de uma espécie de dialética entre o vazio e o ocupado que se trata, um reconhecimento do direito de cidade ao que é explicitamente planeado, às componentes formais como aos produtos do acaso, ao público como ao privado, ao Estado como ao indivíduo, em resumo, um equilíbrio esclarecido; foi para sublinhar as possibilidades de um tal debate que abordámos algumas estratégias rudimentares. Mestiçagem, assimilação, deformação, desafio, resposta, imperativo, sobre-imperativo, conciliação: a lista de nomes possíveis seria longa e, sem dúvida, isso não é possível nem necessário para apreender a coisa de forma tão precisa. Se esta discussão nos levou à morfologia física e inanimada da cidade, nem o “povo” nem o “político” estão por isso excluídos. Pelo contrário, estes dois atores requerem urgentemente a nossa atenção e não podemos fazê-los esperar. Mas conviria sem dúvida acabar este capítulo com uma injunção suplementar relativa á morfologia da cidade: no fim de contas, no que respeita à oposição figura/funbdo, o debate aqui colocado entre o vazio e o ocupado  é o debate entre dois modelos que podemos qualificar sucintamente de a acrópole e o fórum”.

Colin Rowe e Fred Koette. Collage City, 1978, lida na versão francesa publicada pelo Centro Georges Pompidou em 1993 (pp.132-133), ou seja 15 anos depois da edição original do MIT.

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