quinta-feira, 4 de outubro de 2018

COMÉRCIO LIVRE OU DESREGULADO?


Volto ao tema de ontem, embora num outro comprimento de onda. Com efeito, deparei-me ao ler o “Le Monde” com um pequeno manifesto assinado por 21 economistas franceses (entre os quais Michel Aglietta e André Orléan ou Thomas Piketty e Gabriel Zucman) em que se denunciam os acordos de comércio livre recentemente assinados pela União Europeia (por exemplo com o Canadá e o Japão) como geradores de instabilidade no sistema financeiro e, assim, potencialmente propiciadores de uma próxima crise. Cito um pequeno excerto: “Uma vez que estes acordos estejam em vigor, poderão os Estados e a União Europeia desenvolver e aplicar reformas que limitem a dimensão do balanço dos bancos, controlem os movimentos de capitais, regulem os produtos derivados e a especulação ou ainda proíbam certos atores ou veículos financeiros nocivos? Nada é menos certo.” Não estou, obviamente, por dentro do conteúdo dos acordos em questão, nem em condições de os ir estudar aprofundadamente. Mas, fazendo fé na qualidade e seriedade dos signatários e conhecendo o modo como a Comissão Europeia funciona (um mix explosivo de hierarquia com burocracia, que não poucas vezes acaba numa deriva estratégica que o chacun pour soi dos Estados membros não corrige senão em matérias muito concretas de interesses próprios), tendo a acreditar que estamos mesmo na presença de um problema a merecer a devida preocupação e consideração. Além de um exemplo mais de como não bastam as proclamações de fé liberalizante perante um Diabo que, como sempre, se esconde nos detalhes...

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