segunda-feira, 29 de outubro de 2018

COMO SE TINHA TORNADO INEVITÁVEL

(António Jorge Gonçalves, http://inimigo.publico.pt)

Nada mais haverá a acrescentar de relevante em relação a tudo quanto foi sendo dito ao longo dos últimos meses e das últimas semanas. Jair Bolsonaro é o novo presidente brasileiro, eleito à segunda volta com 55,14% dos votos (57,8 milhões de eleitores) e alcançando quase onze milhões de votos mais do que o seu adversário. Louvo-me na crónica de Miguel Sousa Tavares no “Expresso” deste fim de semana, quer quando endossa responsabilidades ao PT – “Mesmo que seja uma verdade penosa constatar que o próprio PT deu uma contribuição decisiva para o descrédito das instituições democráticas brasileiras e que, face à emergência de uma rela ameaça fascista e sabendo da rejeição que o partido tinha junto de uma larga maioria de eleitores, não foi capaz do gesto patriótico de renunciar a uma candidatura presidencial e apagar-se perante quem pudesse travar Bolsonaro” –, quer quando explicita o papel determinante das Igrejas Evangélicas no desastroso desfecho – “Deus, no Brasil, foi usurpado e é agora representado pelas Igrejas Evangélicas, cujos bispos viajam de jato privado, vivem no luxo e na abundância, são donos de rádios e televisões e cobram metade efetiva do quinto real aos seus fiéis, com uma ferocidade e eficácia que nenhuma repartição de Finanças é capaz” –, quer quando se refere à “grandiosidade de um Fernando Henrique Cardoso que prefere morrer enferrujado na porta que se vai fechar” e à “escuridão de onde ninguém sabe quando será o regresso e a que preço” para concluir: “Para a História ficará o registo de um povo que se suicidou por sua livre vontade. E não haverá história mais triste do que esta para contar. Boa noite, Brasil.”

(João Montanaro,http://folha.uol.com.br)

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