(cartoon de Francesco Tullio Altan, http://www.repubblica.it)
(Nicolas Vadot, http://www.levif.be)
Já não são de todo raras as referências feitas neste espaço à situação política e económica italiana. Só que desta vez há o dado novo de terem surgido duas novidades maiores por estes dias: a desprestigiante desclassificação do país no rating da Moody’s e a consequente observação dos seus primeiros efeitos em termos de fuga de capitais, por um lado, e o braço de ferro assumido sem quaisquer reservas de parte a parte entre o governo de Itália e a Comissão Europeia no tocante à derrapagem do défice das contas públicas que foi por aquele reportada para 2019 à revelia dos compromissos previamente existentes, por outro. A situação é complexa e melindrosa e tem mesmo o seu quê de potencialmente explosiva, sobretudo no contexto atual de uma União fortemente dividida e a contas com desafios internos variados e suscetíveis de virem a provocar o despoletamento de acrescidos fatores de risco e instabilidade, com a hipótese-limite a não excluir de uma desintegração à espreita. Não obstante estes perigos, a maneira demagogicamente implacável como o mundo se nos vai apresentando leva-me a ser dos que pensam justificável um apelo às autoridades comunitárias no sentido de não se deixarem cair na tentação de uma qualquer cedência, mesmo que milimétrica, perante a confrontativa chantagem que Roma lhes vem dirigindo – efetivamente, é mais do que chegada a hora de tratar com a devida firmeza os nacionalismos populistas e o seu arrogante e destrutivo posicionamento enquanto adversários de uma construção europeia contraditória e imperfeita mas comprovadamente agregadora e progressiva; subsiste o problema de os protagonistas decisionais europeus serem múltiplos, não sendo inclusivamente alguns conhecidos por possuírem atributos de grande coerência, com a agravante de estarem a lidar com um dossiê cujos meios de coerção acabam por ser virtualmente inexistentes ou de duvidosa eficácia real.
(Emilio Giannelli, http://www.corriere.it)
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