terça-feira, 2 de outubro de 2018

TAXAS DE JURO BAIXAS E RISCO EXCESSIVO



(O debate macroeconómico não para, sobretudo à medida que a probabilidade de ocorrência de uma nova recessão, cujas dimensões são indeterminadas, se vai intensificando. Olivier Blanchard tomou a iniciativa e perguntou: As taxas de juro baixas conduziram a uma assunção de riscos excessivos?)

O debate macroeconómico na blogosfera económica tem estado vivo. A coincidência da comemoração dos 10 anos do colapso do Lehman Brothers ter sido observada com gente a clamar que uma nova recessão vem por aí multiplicou ideias e pronunciamentos, claro que a partir dos EUA, onde esta matéria do debate é levada mais a sério.

No âmbito dos Current Economic Issues da American Economic Association, (link aqui) Olivier Blanchard suscitou o debate perguntando se a comunidade macroeconómica pensa ou não que o contexto de baixas taxas de juro conduziu a uma tomada de riscos excessivos. A questão não é inocente, sobretudo na antecâmara de uma possível nova recessão, mesmo que não necessariamente com os mesmos contornos de destruição de produto, emprego e riqueza

O debate está em curso tendendo a formar-se dois grupos de posicionamentos em torno da matéria: os que, não rejeitando a existência de riscos, tendem como Blanchard a considerar que eles não são excessivos e estão controlados e os que são mais pessimistas quanto a essa matéria, embora reconhecendo que não há propriamente um ótimo de risco a determinar e que por isso é praticamente impossível saber se já entramos no nível de risco excessivo.

Mas o que mais me interessou neste debate que é bastante técnico foi a clarificação de Lawrence Summers ainda sobre o entendimento da estagnação secular: “O correto entendimento da estagnação secular não é que a economia esteja sempre em estagnação mas que para atingir o pleno emprego e o crescimento sustentado é necessário combinar condições financeiras de risco e défices fiscais em níveis tradicionalmente considerados como perigosos. Penso que a ideia de estagnação secular está a ser confirmada por todo o mundo industrial.”

Talvez seja um subproduto do debate lançado por Blanchard, mas é a matéria que mais me interessa.

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