(Este modo de funcionamento em serviços mínimos parece
ser aquele com que podemos contar nos próximos tempos. Na longa maratona de ontem
para hoje, com as olheiras profundas dos ministros das Finanças a suplicarem,
vejam como somos trabalhadores “trabalhocoólicos”, temos dois exemplos desses serviços
mínimos: o acordo para a reforma do
euro e o chamado imposto tech ilustram a onda.)
A onda é para serviços mínimos e Macron, com os calcanhares a arder de
tanta pisadela dos “gilets jaunes” e em modo de “pé sangas”, não parece em
condições para impor uma outra postura. Resta saber se tais serviços mínimos
chegarão para evitar um desastre nas eleições europeias.
Comecemos pelo chamado imposto tecnológico, pelo qual o projeto inicial se
propunha atingir cerca de 180 gigantes mundiais da economia digital. Entrada de
leão, não o nosso, e saída de aprendiz de sendeiro. O acordo franco-alemão que
terá sido gizado aponta para um imposto sobre “ads digitais” que praticamente
apanhará apenas os supergigantes e a receita fiscal desce para cerca de metade
dos 5 mil milhões de euros anuais que estavam previstos. O Financial Times
admite que os alemães se tenham cortado com pavor de possíveis retaliações
trumpianas dirigidas ao setor automóvel e a Volkswagem e Mercedes têm muita
força apesar dos desvarios corporativos internos.
No que respeita à reforma do Euro, embora o nosso Centeno se tenha
esforçado por ficar na história com um ano de mandato, predominou o empurra
para a frente, seja lá com que parte do corpo for. A União Bancária continua a
marcar passo, mais um grupo de trabalho foi constituído para apresentar um
relatório até junho de 2019 (nisto Centeno pode dar cartas oferecendo a vastíssima
experiência portuguesa em criar grupos de trabalho para tudo e para nada e
estou certo que agradecerão os nossos ensinamentos). Foram dados apenas alguns
para a constituição de um fundo de apoio para acionar em caso de quedas de
bancos. Começa a tomar forma a imposição alemã de começar a fazer os detentores
de títulos de dívida (credores) a participar nas perdas de bancos falidos, mas
mesmo aqui o que se conseguiu foi a constituição de um sistema de reestruturação
de dívida que admite numa base, vejam bem, “voluntária, informal, não
vinculativa, temporária e confidencial”, contactos entre governos e credores
para tentar convencer estes últimos a pagar algum preço. Quanto ao orçamento para
a zona euro, depois vê-se, festejemos o Natal esperando que Macron se trame e
assim se vai aprofundando o projeto da zona euro, em lume brando, como se de um
Rui Vitória se tratasse. Centeno talvez não fique na história apesar das longas
noites mal dormidas. É a vida meu caro.
Resumindo, pouco material para apresentar de estimulante e motivador às europeias
e depois não se queixem.
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